O Presidente dos Estados Unidos prometeu nesta terça-feira, 22, aos 13 dissidentes cubanos com os quais se reuniu em Havana que continuará a denunciar "decididamente" as violações de direitos em Cuba, mas que a permanência da política de isolamento dificultará qualquer mudança na ilha.
"Expliquei que continuaremos denunciando decididamente as coisas que consideramos importantes, mas que o isolamento, de certo modo, dava poder àqueles que não queriam ver mudanças", disse Barack Obama no final do encontro, ao qual compareceram alguns dissidentes que, como reiterou o próprio Presidente "estiveram ontem mesmo na prisão e um deles ainda tinha marcas como consequência das algemas".
"Não tenho dúvidas de que eventualmente vai haver mudanças" em Cuba, ressaltou Obama, quem explicou que o objectivo dos Estados Unidos é fazer com que, como consequência do restabelecimento das relações e da diminuição das restrições a Cuba, comece a haver "mais viajantes americanos" e um aumento das remessas para os cubanos.
"Criando esses espaços de oportunidade e esperança com o tempo começará a haver mudanças, e as pessoas já não pensarão que têm que ir para Miami, mas podem ficar em Cuba", indicou o Presidente americano depois do encontro com os dissidentes.
O presidente da Comissão Cubana dos Direitos Humanos e Reconciliação Nacional Elizardo Sánchez disse que o objectivo do Presidente Obama "foi cumprido porque, com o encontro aberto, deu uma mensagem muito clara de reconhecimento humano e apoio moral" à sociedade civil em Cuba.
"Muito positivo", foi como António Rodiles, coordenador do Foro dos Direitos e das Liberdade, classificou a reunião, realizada dois dias depois de Rodiles ter sido preso e espancado pelas autoridades cubanas.
Outros líderes opositores também consideraram positivo o encontro, enquanto Berta Soler, líder da organização Damas de Branco, criticou a visita de Obama e pediu ao Presidente americano que se pronunciasse mais claramente sobre uma amnistia para os presos cubanos.
Apesar de ter dito que a reunião era importante e de ter agradecido a a Obama por ter sido tão receptivo, Soler defendeu que o encontro "não vai resolver os problemas" de Cuba porque "somos nós que temos de resolver os nossos problemas, ainda que para isso tenhamos de contar com o apoio do Governo americano".
Soler defendeu também que Obama condicione o avanço das negociações com o regime cubano ao fim da "violência policial".
Aquela opositora recordou ao Presidente Barack Obama que o mesmo tinha dito que só visitaria Cuba depois de ver mudanças, o que, para Soler, ainda não aconteceu "como o mundo inteiro pôde ver no domingo" quando as integrantes das Damas de Branco foram detidas e espancadas.
A conhecida bloguista Yoani Sánchez não participou na reunião com o Presidente americano, mas ela e mais três jornalistas independentes encontraram-se com o assessor de Obama, Ben Rhodes, na embaixada.
O Presidente Barack Obama deixou Havana no final da tarde com destino a Argentina.