O Presidente americano Barack Obama chegou a Cuba na tarde deste domingo, 20, para uma histórica visita de três dias, pouco tempo depois de a polícia ter detido dezenas de opositores que faziam a sua tradicional marcha dominical.
À chegada a Havana, em mensagem no twitter e usando a gíria da ilha, saudou o povo cubano dizendo estar ansioso por conhecê-lo.
"¿Que bolá Cuba? Just touched down here, looking forward to meeting and hearing directly from the Cuban people" (Que tal, Cuba? Acabei de chegar aqui, estou ansioso por encontrar e ouvir directamente o povo cubano).
Do Aeroporto Internacional José Martí, onde foi recebido pelo ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, Obama e delegação foram à Embaixada americana em Havana e mais tarde, com a esposa Michelle e as filhas visitou a chamada “Havana Velha”.
Na Catedral de Havana, a família presidencial americana foi recebida pelo cardeal Jaime Ortega, que apoiou, junto com o Papa Francisco, as conversas para o acordo de normalização da relação entre EUA e Cuba.
Entretanto, no momento em que Obama iniciava a sua viagem a Cuba, dezenas de opositores e activistas das conhecidas Damas de Branco que protestavam contra o Governo foram detidos e levados em veículos por agentes do Estado na capital cubana.
Ao fim da marcha que as Damas de Branco costumam fazer aos domingos, e que dessa vez contou com a participação de outros opositores, grupos do Governo encurralaram os manifestantes.
Quase no mesmo momento a polícia apareceu e levou os opositores à força.
Danilo Maldonado e Berta Soler, líder das Damas de Branco, estão entre os detidos.
Antes de ter sido detido, Maldonado disse à AFP que “Obama está sendo cúmplice de um Governo, de uma ditadura.
Esta é a primeira vez que um Presidente dos Estados Unidos visita Cuba em 88 anos.
A visita a Cuba era impensável até que Obama e o Presidente de Cuba, Raúl Castro concordaram, em Dezembro de 2014, acabar com um distanciamento que começou quando a revolução cubana derrubou um governo pró-norte-americano em 1959.
Na base dessa aproximação esteve o Papa Francisco que, meses depois, visitou Cuba e Estados Unidos.
Em Julho, EUA e Cuba retomaram as relações diplomáticas e abriram embaixadas nos respectivos territórios depois de vários meses de negociações que puseram um ponto final a mais de meio século de ruptura.
Apesar dessa reaproximação histórica, o embargo económico imposto à ilha ainda vigora.
O embargo só pode ser levantado pelo Congresso americano que é controlado pelos repubicanos que se opõem à mudança da política em relação a Cuba.
Obama encontra-se amanhã com o Presidente cubano Raúl Castro, mas não com o líder da Revolução Cubana Fidel.
Ainda na segunda-feira, ele fará um discurso pela televisão e se reunirá com alguns dissidentes cubanos.