O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pressionou para que Cuba melhore o seu historial em direitos humanos e apresentou pontos de vista bem diferentes em relação ao seu homólogo cubano Raúl Castro, durante o encontro entre os dois realizado nesta segunda-feiram, 21, em Havana.
Direitos humanos permanecem um obstáculo para o fortalecimento dos laços com Cuba, apesar da reaproximação feita pelos dois líderes em dezembro de 2014, disse Obama, acrescentando que um “florescimento pleno” da relação só poderia acontecer quando houver avanços sobre o tema.
"Na ausência disso, eu acho que isso vai continuar a ser uma condicionante muito forte”, declarou Obama numa conferência de imprensa conjunto que teve momentos tensos e que foi transmitida em directo pela televisão pública.
Raúl Castro pareceu em certas horas desconfortável e mostrou sinais de irritação, uma vez que ele, de forma rara, aceitou responder a perguntas de jornalistas.
Obama, o primeiro presidente norte-americano em exercício a visitar Cuba em quase 90 anos, está sob pressão de críticos nos EUA para forçar o Governo cubano a permitir a diferença política e a abrir ainda mais a economia ainda centralizada e estatizada.
Alguns que se opunham à visita afirmam que ele já cedeu demais para melhorar as relações, com muito pouco proveniente em troca de Cuba.
Na entrevista desta segunda-feira, o Presidente cubano disse que nenhum país cumpre todos os acordos internacionais em direitos, e que Cuba era forte em muitas áreas, como saúde, educação e igualdade de gênero.
"Vamos trabalhar para que todos respeitem todos os direitos humanos”, afirmou ele.
Questionado por um jornalista Americano cujo pai é cubano sobre a detenção de dissidentes políticos, Raúl Castro pediu para ver uma lista desses presos, sugerindo que Cuba não prendia ninguém.
"Que prisioneiros políticos? Me dê um nome, ou nomes. Então, quando esta reunião terminar eles podem me dar uma lista com os presos. E, se houver esses prisioneiros políticos, eles estarão livres antes do anoitecer”, disse, encarando o jornalista.
Castro voltou a exigir que os Estados Unidos eliminem o embargo contra Cuba em vigor há 53 anos.
A Casa Branca pressionou por uma conferência de imprensa de Obama e Raúl Castro por algum tempo, em linha com a prática norte-americana em outras viagens internacionais, mas o Governo cubano resistia.
Obama afirmou que o líder cubano havia somente concordado em responder a uma pergunta, mas ele com bom humor o incentivou a aceitar uma segunda. Raúl Castro pareceu relutante ao aceitar.
Amanhã, o Presidente americano vai encontrar-se com alguns dissidentes, o que é aguardado com muita expectativa.
Antes da chegada de Obama a Havana, cerca de 200 dissidentes foram detidos, entre eles várias integrantes do grupo das Damas de Branco e António Rodilles, um dos mais novos destacados opositores do regime comunista.