A falta de condições de trabalho nos hospitais e centros de saúde dificulta o exercício profissional dos médicos na província de Malanje.
Os poucos laboratórios disponíveisnão têm especialistas ou reagentes, faltam aparelhos de raios X, medicamentos essenciais, material consumível, meios de biossegurança e outros bens e serviços, situação quie obriga a transferência de pacientes para os hospitais de referência na cidade capital.
A médica Maria Celeste, no município de Calandula, afirma que o problema é extensivo a toda região.
“Recebemos inúmeras patologias de fórum de [especialidade], mas pelas dificuldades, nós acabamos por dar alguma solução porque até mandar para Malanje… senão respondermos de forma positiva, não teríamos alguns sucessos”, conta.
Um grupo de profissionais da região de Malanje avaliou nos últimos dias o estado atual da classe num workshop.
O médico Bernardo Bartolomeu diz mesmo que trabalhar no município de Marimba é uma questão de fé, independentemente do avançado estado de degradação da estrada eda ausência de muitos serviços.
“Nós temos feito um diagnóstico clínico, nós temos que falar com o paciente para chegar ao diagnóstico”, afirma.
O Ministério da Saúde é acusado de desrespeitar algumas cláusulas do contrato trabalho que inclui a especialização do clínico-geral depois de três anos de efetividade, assim como a desvalorização dos médicos nacionais em detrimento dos expatriados.
O presidente do Conselho Provincial da Ordem dos Médicos de Angola, Francisco Fiel Neto, garante que o órgão realiza advocacia a vários níveis de forma a redimir o sofrimento e melhorar a dignidade dos médicos.
“Nós sabemos que os médicos angolanos ainda não estão como deviam estar, ainda precisamos de muito, quer a nível da remuneração, quer a nível de condições de trabalho, [ainda precisamos melhorar muito], mas tudo está a ser feito junto da instâncias superiores, a nível do Governo provincial”, afirma
O Gabinete Provincial da Saúde de Malanje tem 182 médicos nacionais e estrangeiros distribuídos pelos 14 municípios da circunscrição, enquanto a Ordem dos Médicos possuir 156 filiados, alguns sem qualquer vínculo laboral com o Ministério da Saúde.