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Governo brasileiro retoma ideia do desarmanento voluntário da população


O presidente Obama durante a visita que fez à favela Cidade de Deus, no Rio de Janeiro
O presidente Obama durante a visita que fez à favela Cidade de Deus, no Rio de Janeiro

Ao retirar as armas dos chamados “cidadãos de bem” agente deixa menos armas à disposição para o mercado ilegal”

Para uma das maiores ONGS brasileiras de defesa da paz, o Instituto Sou da Paz, o combate à epidemia de violência armada no Brasil passa, sobretudo, pela aplicação do Estatuto do Desarmamento, lei que não saiu do papel, e pelo enfrentamento da indústria de armas.
A violência, que faz parte da rotina de todo brasileiro, independentemente de classe social, tem sido discutida com mais intensidade esta semana no país Brasil sob o foco da relação dos crimes com o grande número de armas nas mãos de civis. Isso porque o governo brasileiro retoma a campanha de desarmamento voluntário da população.
Várias explicações para a violência no Brasil podem ser dadas, mas o fato de o brasileiro estar muito armando tem sido apontado como um dos mais preocupantes. A taxa de homicídios no Brasil cresceu 32% em 15 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Grande parte dessas mortes é provocada pelo uso de armas de fogo, sendo que, de acordo com o Instituto Sou da Paz, 80% são de fabricação nacional.
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) concorda com especialistas brasileiros que analisam que o grande número de crimes por armas de fogo não acontece por falta de lei. “Os problemas e as tragédias que nós temos visto são porque a polícia no Brasil não funciona e o governo não desarma a bandidagem e não cuida das fronteiras, são porque o contrabando de armas e drogas está intimamente ligado,” afirma.
A coordenadora da área de controle de armas do Instituto Sou da Paz, Alice Ribeiro, concorda que é necessário implementar plenamente a legislação vigente que prevê controle de estoques de armas das forças de segurança, fóruns, empresas de segurança privada e colecionadores, além de fiscalizar com rigor a fabricação, transporte e venda. “O Estatuto do Desarmamento é uma lei excelente, referência para leis em outros países, mas precisa sair do papel para cumprir o seu potencial. Já temos uma lei muito boa, só é preciso que ela seja implementada,” explica.
Alice Ribeiro destaca que estimular a entrega voluntária de armas, como a campanha de agora no Brasil, é importante desde que não seja uma ação isolada. “O que agente quer fazer é incentivar a retirada de armas em circulação e isso pode ser feito por meio da busca e apreensão de armas pela polícia, mas é igualmente importante é promover o desarmamento voluntário daquelas pessoas que têm arma e querem entregá-las de forma fácil e segura. O que agente sabe é que as armas legais elas alimentam o mercado ilegal. Ao retirar as armas dos chamados “cidadãos de bem” agente deixa menos armas à disposição para o mercado ilegal”.
Alice Ribeiro lembra, ainda, que além de tirar o Estatuto do Desarmamento do papel, o Brasil precisa enfrentar a poderosa indústria de armas no país. “Existem levantamentos mostrando a quantidade de congressistas que são bancados pela Taurus, CBC, Imbel e outras. É importantíssimo que as informações sobre o controle de armas no país sejam baseadas em dados de instituições confiáveis e que respondam ao interesse da segurança pública e nacional e não a interesse da indústria de armas. É importantíssimo centrar a discussão em dados,” conclui.

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