A Embaixada dos Estados Unidos da América “condena veementemente um alegado ataque incendiário na sede do Canal de Moçambique, um importante jornal independente em Moçambique”.
A redação do “Canal de Moçambique” foi incendiada, no domingo, 23, por desconhecidos, no que o seu editor-executivo, Matias Guente, descreveu como "ato terrorista”.
“Instamos as autoridades moçambicanas relevantes a conduzir uma investigação exaustiva para assegurar que os responsáveis pelo fogo posto sejam levados à justiça,” lê-se num comunicado da Embaixada.
No mesmo, a Embaixada dos EUA diz que “os danos aparentemente intencionais e extensivos nos escritórios de uma respeitada instituição de meios de comunicação social têm impacto no estado da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa em Moçambique.”
Para a missão americana, as “entidades dos meios de comunicação independentes como o Canal de Moçambique desempenham um papel crítico na construção de uma democracia funcional que depende de um fluxo de informação e de uma vibrante troca de pontos de vista e opiniões”.
Fim da impunidade...
Para outras entidades nacionais e internacionais, o incêndio, que destruiu substancialmente o material informático e outros meios da redação do “Canal de Moçambique” ameaça a democracia e liberdade de expressão no país com um histórico de violência contra jornalistas.
“Os órgãos de comunicação social independentes, como o "Canal de Moçambique" e o "Canal Moz", desempenham um papel crucial para a democracia no país, diz a Delegação da União Europeia em Maputo.
O comunicado União Europeia , que também pede “celeridade na investigação”, realça que “a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão em todas as suas formas são liberdades fundamentais que devem ser universalmente respeitadas”.
Para o Comité para a Proteção de Jornalistas (CPJ), com sede em Nova Iorque, o incêndio representa a degradação das condições para a prática de jornalismo em Moçambique.
“O ataque ao escritório do Canal de Moçambique é o mais recente capítulo de um ambiente cada vez pior para a imprensa independente em Moçambique e uma ofensiva flagrante à democracia e ao direito do público de ser informado,” diz Angela Quintal, coordenadora do programa do CPJ para a África.
Quanto à investigação, Quintal diz que deve ser “rápida e credível” para que “não se torne mais um exemplo da impunidade que está a tornar-se norma com os ataques à imprensa no país.”