Desconhecidos incendiaram, na noite deste domingo, 23, a redação do semanário Canal de Moçambique, um dos que mais criticam o comportamento das autoridades de Maputo.
Matias Guente, diretor executivo do jornal, disse que no local foi encontrado um recipiente de combustível que foi usado para vandalizar a redação, que pelas imagens que circulam perdeu grande parte do seu equipamento.
Consta que Guente já apresentou a queixa à polícia.
Liberdade de expressão
Alguns pesquisadores e ativistas de direitos humanos, usando as redes sociais, manifestam já suspeitas de que o incêndio tenha sido um ato deliberado para silenciar o jornal.
Borges Nhamire, pesquisador do Centro de Integridade Pública, escreveu no seu Facebook que “nesta governação acontece de tudo que atenta à democracia: activistas assassinados, jornalistas detidos arbitrariamente, raptados e batidos, bispos insultados e agora a redacção do jornal mais crítico ao Governo incendiada”.
“Isso é bárbaro. Galões de combustível usados para incendiar o Canal de Moçambique. A Liberdade de expressão está sob ataque”, escreve no Twitter, Adriano Nuvunga, diretor-excutivo do Centro para a Democracia e Desenvolvimento.
O jornalista investigativo Luís Nhachote recorreu ao Facebook para dizer que com este incidente, “Moçambique acaba de ser palco de um dos maiores ataques à liberdade de imprensa nos ultimos tempos”.
E a pesquisadora e ativista Fátima Mimbire, do Fórum de Monitoria do Orçamento, diz também no Facebook que “ninguém ataca uma pessoa ou entidade insignificante, inútil, sem luz própria”.
Na sua úlltima edição, o Canal de Moçambique fez manchete com a suspensão de um concurso de marcação de combustíveis, que diz ter denunciado pelo facto de ter sido lançado já com vencedor conhecido.