A organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) revelou ter recorrido a um grupo de trabalho da Comissão dos Direitos do Homem das Nações Unidas a quem pediu uma "investigação independente e imparcial" ao desaparecimento do jornalista moçambicano Ibraimo Mbaruco,a 7 de abril na província de Cabo Delgado.
Em comunicado divulgado nesta sexta-feira, 3, o responsável da RSF para África Arnaud Froger disse que"o silêncio das autoridades sobre este caso de um jornalista desaparecido nos últimos três meses tem sido insuportável para a família”, e reiterou que a organização está determinada a “descobrir o que lhe aconteceu".
Froger lembrou que “não é a primeira vez que jornalistas são agredidos, atacados ou detidos" na província.
"Ibraimo Mbaruco está morto? Quem eram os soldados que o cercavam quando escreveu a sua última mensagem? Está detido, e se sim, por que razões? Há muitas questões a que as autoridades moçambicanas devem responder", salientou Arnaud Froger.
Autoridades prometeram investigar
Uma semana depois do seu desaparecimento, a 7 de abril, a policia moçambicana disse que haviam informações não confirmadas sobre a morte do jovem jornalista da Rádio Comunitária de Palma.
A 21 de maio, na Assembleia da República, a Procuradora-Geral da República, Beatriz Buchili, afirmou que o processo encontrava-se em instrução preparatória.
No passado dia 30 de junho, a VOA contatou, sem sucesso, Augusto Guta, porta-voz do comando provincial de Polícia de Cabo Delgado, através do número que habitualmente usa nas relações com a imprensa.
Apesar do silêncio das autoridades, o escritório moçambicano do Instituto de Comunicação Social da África Austral (Misa-Moçambique), afirma que continua empenhado na busca da verdade sobre o desaparecimento de Ibraimo Mbaruco.
Ernesto Nhanale, diretor-executivo daquela organização de defesa da liberdade de imprensa, diz que está em curso um novo inquérito para o esclarecimento do desaparecimento do jornalista.
Os familiares do jornalista Ibraimo Mbaruco, de Palma, Cabo Delgado, estão irritados com o que consideram silêncio “assustador e desumano” das autoridades na investigação do seu desaparecimento.
“Estamos preocupados, passa muito tempo (do desaparecimento)”, disse à VOA o irmão do jornalista, Juma Mbaruco.
Amnistia Internacional, a Human Rights Watch e a União Europeia também já manifestaram o seu repúdio ao desaparecimento do jornalista e pediram às autoridades o esclarecimento do caso.