Morreu, na segunda-feira, 29, o franco-libanês Iskandar Safa, proprietário da empresa Privinvest, empresa tida como fornecedora de barcos e serviços, no negócio que se tornou popular como escândalo das “dívidas ocultas”, em Moçambique.
O escândalo resultou de um alegado plano de proteção costeira e pesca de atum, envolvendo, pelo menos, dois mil milhões de dólares. Familiares e subordinados do ex-presidente Armando Guebuza, quadros superiores do governo, bancários internacionais e vários intermediários dividiram entre si parte desse valor.
A proteção costeira e a pesca de atum não foram concretizados.
Após denúncia do Fundo Monetário Internacional e da sociedade civil moçambicana, cerca de vinte envolvidos foram julgados e condenados em Maputo. Outros processos correm em Londres e Nova Iorque.
O jornal francês Le Monde reporta que Safa, nascido em 1955, dono de vários estaleiros navais, morreu de doença grave.
Implicações
A publicação Carta de Moçambique escreve que a morte Safa “terá algumas implicações diretas nos processos judiciais em curso”, em que Moçambique “quer ver-se ressarcido do calote”.
Moçambique exige uma indemnização, alegando que o desvio de fundos foi movido pela Privinvest, o que a empresa nega com o argumento de que o suborno não faz parte das suas práticas.
Insistentemente, a Privinvest também alegou que Filipe Nyusi, presidente de Moçambique, deveria ser julgado, em Londres, por ter participado no esquema. Por Nyusi ter imunidade, o desejo da empresa não resultou.
Noutro processo movido pelos Estados Unidos, em Nova Iorque, Jean Boustani, traballhador de Safa foi ilibado.
Iskandar partilhava a Privinvest com o seu irmão Akram Safa. A fortuna dos dois, em 2023, atingia 1.45 mil milhões de dólares, segundo a revista Challenges, citada pelo Le Monde.
Além daquela construtora naval, Iskandar Safa era proprietário publicação semanal “Valeurs Currents”.
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