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Procuradores americanos acreditam que o Credit Suisse é culpado no escândalo das “dívidas ocultas” de Moçambique


Credit Suisse
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Procuradores americanos, que investigam o papel do Credit Suisse Group AG no caso de corrupção dois mil milhões de dólares em Moçambique, acreditam que têm evidências da culpabilidade do credor suíço, escreve a Reuters.

A posição é defendida depois de três ex-banqueiros do Credit Suisse terem-se declarado culpados, no ano passado, escreve a reportagem da Reuters, que cita duas fontes familiarizadas com o assunto.

Os procuradores acreditam que o Credit Suisse pode ser responsabilizado criminalmente pelos crimes de seus funcionários se eles foram cometidos no âmbito das suas funções e, pelo menos em parte, beneficiaram o banco, disse uma das fontes que é uma autoridade de lei e ordem dos Estados Unidos.

Eles acreditam que um acordo judicial e testemunhos de dois ex-banqueiros num julgamento subsequente lhes dão evidências da culpabilidade do banco, disseram as fontes.

Os procuradores do Distrito Leste de Nova York entraram em contato com o Credit Suisse, em fevereiro, e apresentaram o seu caso inicial contra ele, disse a segunda fonte.

"O Credit Suisse continua a cooperar com todas as autoridades investigadoras", disse um porta-voz daquele banco.

A posição dos procuradores quanto à culpabilidade do banco e o contato mais recente entre eles e o banco não foram reportados anteriormente.

Não está claro se os procuradores entrarão com quaisquer acusações contra o banco. A segunda fonte disse que as negociações entre os procuradores e o Credit Suisse podem durar até um ano.

A Reuters diz que o Departamento de Justiça se recusou a comentar, e que as duas fontes citadas se recusaram a ser nomeadas devido à sensibilidade do assunto.

O caso decorre de empréstimos que o Credit Suisse facilitou entre 2013 e 2016 para projectos de defesa costeira de Moçambique e pesca de atum.

Parte do valor - pelo menos 200 milhões de dólares - foi desviado num esquema que envolveu funcionários da empresa naval Prinvivest, Credit Suisse e altos funcionários do governo de Moçambique.

Um dos ex-banqueiros, Andrew Pearse, que era diretor administrativo, disse durante a sua audiência que havia aceite milhões de dólares de suborno para enriquecer a si mesmo, de acordo com uma transcrição do tribunal.

O Credit Suisse ganhou 24 milhões de dólares em taxas pelos empréstimos, mas ainda espera que Moçambique pague uma parcela de 270 milhões de dólares do empréstimo, disse uma das fontes.

Um segundo ex-banqueiro do Credit Suisse, que se declarou culpado, testemunhou no julgamento de um dos intermediários que o banco estava ciente de que o valor dos navios financiados pelos empréstimos era falso, disseram fontes familiarizadas com o assunto.

O banqueiro testemunhou durante um interrogatório que o banco não notificou os investidores depois de saber que os barcos financiados valiam cerca de 250 milhões de dólares, 400 milhões de dólares a menos do que o indicado nos documentos.

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