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Um milhão e 250 mil congoleses contaminados com HIV


Paciente diagnosticada com SIDA internado no hospital de Kinshasa.
Paciente diagnosticada com SIDA internado no hospital de Kinshasa.

Cerca de 85 por cento dos pacientes com SIDA não estão a receber o tratamento de que necessitam no Congo

A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras apelou aos doadores internacionais e ao governo da República Democrática do Congo para reforçarem o financiamento e outros recursos, tanto para fazer testes como para o tratamento de HIV-SIDA. Aquela organização calcula que cerca de 85 por cento dos pacientes com SIDA não estão a receber o tratamento de que necessitam no Congo.

Um comunicado dos Médicos Sem Fronteiras adverte que cerca de 15 mil vítimas da SIDA na República Democrática do Congo podem morrer nos próximos três anos por terem dificuldades em obter os medicamentos que podem salvar as suas vidas.

A dra. Laura Rinchey, especialista no tratamento do HIV-SIDA, disse à VOA que 90 por cento dos seus pacientes estão virtualmente às portas da morte quando a vem consultar.

Disse Rinchey: “Muitas das vezes sofrem de malnutrição, bem como de tuberculose e também de toxoplasmose, bem como outras infecções bacterianas e outras complicações, como, por exemplo, meningite. Temos a sorte de ter um laboratório à mão e, por isso, podemos identificar muitas das doenças, mas muitos são tratados por suposição. Mas, o problema é que os pacientes estão tão doentes naquele ponto que leva tempo para o tratamento começar a fazer efeito”.

A dra. Rinchey trabalha num centro de saúde com 29 camas, em Kinshasa, onde são atendidos mais de 3500 pacientes ambulatórios. Diz ela que a maioria dos congoleses não têm acesso a centros de teste para o HIV, fazendo análise apenas quando estão muito doentes. E sublinha que os hospitais congoleses não têm uma política de fazer testes de HIV a todos os pacientes que são admitidos nos hospitais. Por isso, podem passar-se várias semanas até que os médicos decidam submeter os pacientes a testes de HIV.

Os Médicos Sem Fronteiras denunciaram esta situação, qualificada de “horrorosa”, que é, em larga medida, ignorada pela comunidade internacional de doadores e pelo governo congolês.

A coordenadora daquela organização refere que um milhão e 250 mil congoleses vivem contaminados com o vírus HIV, sendo que a maioria não sabe que são portadores da doença. No seu todo, 350 mil pessoas necessitam de ser urgentemente medicadas com retrovirais, mas apenas 44 mil pacientes – ou seja 15 por cento – têm acesso ao tratamento.

Na opinião da coordenadora dos Médicos Sem Fronteiras a situação na República Democrática do Congo está ao nível do que estava na primeira fase da epidemia do HIV-SIDA antes de existirem os tratamentos com os anti-retrovirais.

Aquela médica faz um apelo particular ao Fundo Global para o Combate da Sida, Tuberculose e Malária, que foi forçado a cancelar o seu próximo donativo, devido à falta de ofertas dos doadores. E afirma que o governo congolês necessita de destinar mais recursos para o tratamento, cobrindo as despesas com as consultas e os internamentos dos pacientes.

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