O presidente da Comissão da União Africana Jean Ping defendeu a política daquela organização relativamente à Líbia, durante a abertura da cimeira continental em Addis Ababa.
Ping parece ser favorito para vencer a reeleição do cargo, apesar da forte oposição por parte da África do Sul.
Falando perante os ministros dos negócios estrangeiros do continente africano Ping acentuou que a dificuldade da União Africana em lidar com a revolta Líbia foi o não ter começado com manifestações pacíficas, como as outras sublevações da Primavera Árabe.
A União Africana foi fortemente criticada durante os últimos meses de Moammar Gadhafi no poder por uma tentativa de mediação que poderia ter mantido o ditador líbio no poder.
Defendendo a política seguida pela UA, Ping indicou que o pensar da organização foi baseado na preocupação de que a Líbia viesse a tornar-se num estado falhado como a Somália no caso de Gadhafi ser derrubado.
Os políticos da UA, naquela altura, manifestaram preocupação com as notícias de que os rebeldes líbios estivessem alinhados com a al-Qaida. A equipa de mediação da UA acabou por ser anulada quando os ataques aéreos da NATO asseguraram a inevitabilidade da queda de Gadhafi.
Falando em francês através de um tradutor, Ping destacou que a "voz de África" se tornou mais influente durante os quatro anos do seu mandato.
Ping afirmou que a nível internacional, a comissão observa com satisfação que a voz da União Africana é cada vez mais escutada na cena internacional e na comunidade das nações.
Num sinal de descontentamento para com a liderança de Ping, a África do Sul apresentou a sua ministra do interior e antiga ministra dos estrangeiros Dlamini-Zuma, como uma alternativa para o cargo de presidente da Comissão.
Dlamini-Zuma é uma veterana da luta antiapartheid que tendo servido no governo de todos os presidentes sul-africanos desde Nelson Mandela.
No entanto os observadores da UA adiantam que o desafio sul-africano está a encontrar forte oposição. Segundo eles, Ping, um antigo ministro dos estrangeiros gabonês, conta com o apoio das pequenas nações que objectam à liderança na comissão de uma das mais poderosas nações africanas.
Os mesmos observadores recordam que a escolha do presidente da Comissão é feita por voto secreto pelos Chefes de Estado e que tudo pode acontecer.