A organização humanitária Save The Children diz-se alarmada com a violência, decapitações e raptos contra crianças e suas famílias, que continuam a verificar-se em zonas onde já se tinha instalado uma sensação de relativa segurança, na província moçambicana de Cabo Delgado.
De acordo com a organização, pelo menos, 364 mil crianças foram forçadas a fugir dos seus lares e procurar abrigo em campos de deslocados de guerra. Os ataques iniciaram em 2017.
O porta-voz daquela organização humanitária, que trabalha na área dos direitos da criança, Rui Muthemba, alerta que a violência permanece alarmante em Cabo Delgado, "e preocupa-nos saber que crianças e suas famílias continuam expostas a esta violência".
"Continua a verificar-se raptos e decapitações, sob um aparente estado de calmia e de controlo da situação em Cabo Delgado", diz Muthemba.
Ele sublinha que "a situação geral que se tem e se está a passar para o mundo é de que em toda a província a violência está controlada".
"As necessidades humanitárias não cessam, e apesar desta aparente imagem de calmia que se está a projectar sobre a situação em Cabo Delgado, a verdade é que há muita gente que continua a chegar aos locais considerados seguros", realçou o porta-voz da Save The Children.
Face ao facto de as crianças estarem no centro desta violência, diz Muthemba, a Save The Children tem "alargado as suas acções a distritos como Ancuabe e Mueda, onde até há bem pouco tempo não operavamos".
Várias outras organizações humanitárias referem-se também a um novo pico de violência em alguns distritos de Cabo Delgado.