"O socialismo, como foi vivido no Século XX, chegou ao fim", disse à Voz da América o Prof. Alexandre Hecker, da Universidade de Mackenzie, em São Paulo.
Estudioso de Cuba, país que visitou recentemente, Hecker analisava no programa da VOA "Temas e Debates", o 6º Congresso do Partido Comunista cubano, realizado recentemente em Havana, marcado pela decisão de Fidel Castro de por termo a 46 anos na chefia do partido e pela adopção de reformas económicas.
O professor de História Contemporânea, que em Havana se encontrou com o líder da Assembleia Nacional, Ricardo Alarcon, nota que as reformas económicas serão difíceis e darão início a um período de "ambiguidade" ideológica, em que Cuba liberaliza a sua economia, ao mesmo tempo que tenta manter "conquistas socialistas".
Entre as medidas saídas do Congresso está o fim dos "libretos", os cupões de racionamento de alimentos que visavam assegurar níveis mínimos de nutrição, o despedimento ou aposentação de 1 milhão de funcionários públicos (quase 10% da população do país), e a introdução progressiva de reformas tendentes a aproximar Cuba de uma economia de mercado.
Hecker considera que, como todas as ditaduras, Cuba tem dificuldade em enfrentar a transição do poder. A saída de Fidel Castro da liderança do Partido Comunista, por razões de saúde, deixa ao leme o seu irmão, Raúl, de 79 anos num Politburo com idade média de 68 anos, sugerindo que não foi aproveitada uma oportunidade de rejuvenescimento.
Mas o historiador nota, também, que subiram ao Politburo figuras novas como Marino Murillo, de 50 anos, o "jovem" Ministro do Planeamento e Economia, a quem cabe "empurrar" as reformas aprovadas neste Congresso. Lembra, ainda, que foram substituídos quase 50% dos 115 membros do Comité Central, trazendo novas pessoas, e mais jovens, para a direcção do partido.
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