Os dois palestinos presos em São Paulo na terça-feira, 2 de Maio, após um confronto com manifestantes de direita contrários à Lei de Migração foram liberados ontem (quarta, 3 de Maio), após uma audiência de custódia na Justiça.
De acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo, o juiz José Eugenio do Amaral Neto decretou que os palestinos Nour Alsayyd e Hasan Zarif devem responder em liberdade pelos crimes de explosão e lesão corporal. Alsayyd vai responder também por lesão corporal agravada, por alegadamente ter agredido e imobilizado um policial militar.
Hasan Zarif é integrante do grupo Palestina Para Tod@s e proprietário do restaurante e bar palestino Al Janiah, localizado no bairro do Bexiga, na região central de São Paulo.
Os dois brasileiros que foram detidos com os palestinos, chamados Roberto Gomes Freitas e Nikolas Ereno Silva, tiveram todos os flagrantes retirados pelo juiz por ausência de provas e foram liberados.
O jornal Folha de S.Paulo reporta ainda que, na decisão do juiz, há o relato de que um grupo de 15 a 20 pessoas teria se aproximado do protesto na avenida Paulista contra as alterações na Lei da Migração, e Zarif teria atirado uma bomba contra os manifestantes. Segundo o texto do juiz, o grupo teria tentado ainda arremessar um segundo artefato explosivo, mas foi contido por policiais militares e pelos manifestantes.
Os dois brasileiros teriam agredido os manifestantes de direita e Alsayyd teria agredido um policial e o imobilizado.
O advogado do palestino, Hugo Albuquerque, afirmou à Folha de S.Paulo que Alsayyd foi levado a um pronto-socorro por causa das agressões que sofreu quando foi contido pelos policiais e manifestantes.
O defensor disse ainda que os policiais teriam “comprado” a versão dos manifestantes de direita, "como se os palestinos tivessem atacado o grupo". Segundo Albuquerque, a bomba caseira estourada na Paulista partiu dos manifestantes do ato anti-imigração.
Os advogados dos quatro homens presos alegaram não haver prova da explosão e afirmaram existir uma "controvérsia a respeito da real dinâmica dos fatos".
O grupo Direita São Paulo, que organizou a passeata contra a Lei de Migração, afirmou que o protesto era pacífico quando os manifestantes foram atingidos por “uma bomba caseira” que teria partido dos palestinos.
A organização postou um vídeo que mostra um objeto com luz (o que seria uma bomba, segundo o grupo) saindo da direção de um homem de camisa branca. Segundo o Direita São Paulo, o homem que teria soltado a suposta bomba é “de origem árabe”.
Outro vídeo do Direita São Paulo mostra que os palestinos continuaram a ser agredidos mesmo depois de detidos pelos policiais, sob o coro "Viva a PM [Polícia Militar]! Viva a PM!".