Lóbbies e a corrupção podem interferir no processo aberto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o antigo presidente do Fundo Soberano de Angola, José Filomeno dos Santos, no momento em que também a justiça está no foco das atenções.
O jurista Albano Pedro admite que, até prova em contrário, a justiça poderá não levar o processo até ao fim.
José Filomeno dos Santos, antigo presidente do Fundo Soberano de Angola e filho do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos, responde no caso de uma transferência de 500 milhões de dólares, supostamente ilegal para um banco em Londres.
Albano Pedro alerta que a justiça angolana nunca responsabilizou criminalmente altos dirigentes por corrupção devido ao peso partidário delas.
“A máquina é a mesma, nunca leva gente de alta responsabilidade à prisão, estamos lembrados que até ao momento ninguém do alto nível foi a um julgamento”, exemplifica Pedro.
Dos Santos terá suspendido uma viagem para Espanha em meados do mês de Março para cuidar das questões de supostas perseguições contra os filhos.
Fontes bem informadas admitem que ele tenta negociar com João Lourenço a cedência dapresidência do partido ainda este ano.
Em troca, poderão estar o perdão à sua família e a entrada de mais membros do clã “eduardista” no Comité Central e no Bureau Político do MPLA.
Entretanto, Mário Pinto de Andrade, membro do Comité Central e segundo secretário provincial do MPLA em Luanda, defendeu recentemente na televisão pública TPA que a PGR não pode imitar péssimos exemplos dos procuradores portugueses e disse que num país sério o PGR já devia ter-se demitido depois do erro em revelar que o Chefe de Estado-Maior das FAA era arguido antes de o próprio General Nunda ter sido informado.
“Em países sérios o Procurador-Geral da República já devia se demitir” disse Pinto de Andrade.
Recorde-se que José Filomeno dos Santos entrou os seus passaportes à PGR, assinou o Termo de Identidade e Residência e disse estar a colaborar com a justiça.