Washington, 20 Dez - A maioria dos analistas políticos concorda que o actual Congresso foi um dos mais produtivos do século quanto à aprovação de importantes medidas legislativas. Mas muitos receiam que o novo Congresso que inicia os seus trabalhos em Janeiro próximo terá que travar lutas partidárias ao enfrentar vários problemas do país.
Os Democratas perderam a sua maioria na Câmara dos Representantes nas ultimas eleições intercalares, o que quer dizer, que o republicano John Boehner, muito provavelmente, vai substituir Nancy Pelosi como novo presidente da Câmara. Por outro lado, os Democratas vão manter uma ligeira maioria no Senado. Será um governo dividido com um presidente democrata, Barack Obama, uma maioria republicana na Câmara, e maioria democrata no Senado.
Analistas políticos, em geral, concordam em que este último Congresso passará na história como tendo sido o mais produtivo de todos quanto a aprovação de importantes peças legislativas, entre as quais, a reforma de grande alcance dos cuidados de saúde, assim como importantes reformas financeiras na bolsa de valores.
O analista Norman Ornstein, do American Interprise Institute, concorda.
“Talvez, ironicamente, este Congresso, o Congresso 111, se situe entre os mais produtivos quanto aos resultados legislativos de grande alcance, talvez, em todo o século vinte. Todavia, este Congresso que foi muito vilipendiado pelos americanos como tendo sido o que menos produziu, pode-se, no entanto, comparar-se com o Congresso 89 da Grande Sociedade, do Presidente Lyndon Johnson.”
Ornstein disse que os eleitores castigaram os Democratas no poder, nas eleições de Novembro ultimo devido à alta da taxa do desemprego e dos problemas financeiros que muitos americanos enfrentavam. Moderados de ambos os partidos perderam os seus postos, candidatos, na sua maioria conservadores ou libertários, tais como o movimento do Tea party, que defende a redução de impostos e das despesas do estado, do poder do estado, esses venceram as ultimas eleições, um dos quais, Tim Scott, da Carolina do Sul, prognosticou que a próxima classe de legisladores será uma força da mudança.
O analista Norman Ornstein afirma ainda que o facto dos democratas e republicanos moderados terem sido substituídos por novos líderes mais exigentes, significa que o clima político em Washington será provavelmente também polarizado e hostil.
“Há 41 anos que vivo em Washington, envolvido na política do Congresso, nunca foi a situação assim tão má. Muitas vezes vivemos momentos muito tensos, aquando dos processos de impugnação dos Presidentes Nixon e Clinton, por exemplo. Tivemos também a guerra no Vietname, a investigação Irão-Contra, períodos esses em que os dois partidos passavam por momentos altamente tensos, mas isto, agora, é o pior.”
O analista politico David Hawkings,da revista Congressional Quarterly, disse que também não espera muito deste Cpngresso. Disse ele que a liderança republicana da Câmara dos Representantes vai criar muitos desafios ao Presidente Barack Obama.
“O que o partido no poder pode fazer sem contestação por parte da oposição, será a supervisão do resto das iniciativas, criando para a administração situações difíceis de ultrapassar. Tendo o poder de intimação ao seu alcance, pode também ordenar uma investigação, convocar secretários e colaboradores do Presidente Obama para interrogatórios no Capitólio, criticando-os perante as câmaras da televisão. Na minha opinião, iremos ver tudo isto nos próximos dois anos, sem que sejam aprovadas muitas leis.”
O Presidente Obama já tem demonstrado a sua disposição para chegar a soluções de compromisso com os republicanos quando concordou em não revogar as taxas tributárias da era do Presidente George Bush, abrangendo as camadas sociais mais opulentas do país, determinação que indignou os Democratas da Câmara dos Representantes, que acusaram Obama de estar a sacrificar os princípios fundamentais do partido. Analistas afirmam que o presidente terá que, provavelmente, continuar na mesma senda.