Em Angola muitos deficientes físicos, vítimas da guerra civil, continuam por integrar. Muitos deles são discriminados por causa das suas deficiências quando tentam arranjar emprego.
Tal é o caso de Deolinda Fátima de 45 anos de idade. Deficiente há mais de 20 anos, Deolinda perdeu a perna esquerda num acidente de viação quando tentava fugir do conflito armado à procura de abrigo e segurança.
Depois do acidente, Deolinda disse à “Voz da América” que a sua vida nunca mais foi a mesma. Os sonhos profissionais ficaram para trás.
No Huambo, a sua terra Natal, Deolinda sentia-se excluída do mercado de trabalho. Por isso deslocou-se para Luanda à procura de emprego, mas na capital, Deolinda também não encontrou o que procurava: a reintegração.
Separada do marido e com cinco filhos para sustentar, Deolinda viu a caridade como uma alternativa de sobrevivência.
No largo do 1º de Maio na capital angolana, Deolinda e os seus cinco filhos estendem às mãos à espera de ajuda das pessoas que por aí passam. Uma parte das esmolas é destinada à alimentação, a outra ao vestuário.
Ao contrário de Deolinda que dorme ao relento, Lucas Hiamba Hiamba tem um teto, embora degradado.
Lucas de 63 anos, lutou muitos anos durante a guerra civil. Ao longo do conflito armado Lucas foi alvejado e ainda hoje carrega a bala que ficou alojada nos pés.
Desempregado, Lucas Hiamba Hiamba, natural do Bié, uma das províncias mais afectadas pela guerra, exerceu o cargo de oficial superior e veio a Luanda regularizar à sua situação militar, já lá passam cinco anos sem resultados satisfatórios.
Lucas, disse que actualmente o mercado de trabalho o rejeita pela sua condição física. Pai de sete filhos, Lucas especializou-se em pedagogia, actividade que exerceu até ser chamado a combater contra a rebelião armada.
Com o sentimento de exclusão, Lucas, diz sentir-se limitado apesar da profissão. O que mais deseja é ver cumpridas as promessas do governo para com aqueles que lutaram pela pacificação do país.
Outro caso é o de José da Maia. Ele sobreviveu à explosão de uma mina na província do Huambo, mas perdeu aos membros superiores.
A exemplo de outros deficientes, José descolou-se para Luanda com o mesmo propósito: ver melhorada a sua condição social como professor de artesanato.
Numa cadeira de rodas e sem trabalho, José da Maia passa por muitas dificuldades, desde a alimentação à habitação. Vive actualmente ao relento próximo a uma lixeira no município do Rangel.
Numa recente entrevista ao jornal de Angola, o director provincial da justiça no Huambo, Ernesto Estêvão, disse que o executivo vai continuar a produzir as leis e os regulamentos previstos na constituição que defendem a inserção dos deficientes na sociedade e a construção de mais escolas especiais na província do Huambo, para permitir o acesso ao ensino de mais deficientes.
O director provincial da justiça no Huambo, uma das regiões mais afectadas pela guerra, disse que é prioridade do executivo criar condições para que os deficientes consigam ter as mesmas oportunidades que os restantes cidadãos principalmente no acesso à instrução e ao mercado de trabalho.