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Angola: Pobreza sinónimo de SIDA


Angola: Pobreza sinónimo de SIDA
Angola: Pobreza sinónimo de SIDA

A pobreza e o analfabetismo têm contribuído para o aumento da Sida em Angola

Angola: Pobreza sinónimo de Sida

A pobreza e o analfabetismo têm contribuído para o aumento da Sida em Angola.

A afirmação é de Vunda Alberto, enfermeiro há 7 anos no Hospital “Esperança” o único especializado no tratamento do HIV no país.

Centenas de pessoas, vindas de diferentes pontos do país, acorrem aquele hospital, uns em busca de tratamento e outros por desconhecerem o seu estado serológico.

Actualmente o hospital é muito frequentado por mulheres seropositivas em fase de gestação.

Aqui elas são informadas sobre a prevenção da transmissão vertical e desaconselhadas a amamentar os bébés pois correm o risco de virem a ser infectados.

O que acontece é que nem todas as mães possuem recursos financeiros para comprar leite.

Algumas sobrevivem da boa vontade dos vizinhos e da igreja; e outras do pouco dinheiro que conseguiram juntar.

Catarina da Silva, vive no município de Viana, não sabe ler nem escrever. Raramente escuta rádio ou vê televisão. Pobre e analfabeta, Catarina, nunca tinha ouvido falada de doenças sexualmente transmissíveis.

Fiel ao seu casamento de mais de 15 anos, a senhora de 39 anos de idade sempre teve uma relação desprotegida porque sentia-se segura.
Mãe de 4 filhos, Catarina descobriu que é seropositiva, quando o seu último filho começou a perder peso. A criança contraiu o vírus HIV durante ou depois do parto.

O caso não é isolado, Vunda Alberto, enfermeiro do Hospital “Esperança” há 7 anos, disse que é angustiante olhar para o número de crianças infectadas com o Vírus de HIV por falta de conhecimento de algumas mães.

Mas a realidade prova também que o analfabetismo não é a única causa do aumento do HIV, Luzia Domingos, sabe ler e escrever. É vendedora, tem três filhos e espera dar luz daqui a oito meses. Ela descobriu que é portadora do HIV no primeiro mês de gravidez.

A senhora de 25 anos de idade, disse que caso o seu filho venha a ser infectado não será por falta de conhecimento mas sim por falta de dinheiro para garantir o leite diário para o seu bébé.

À semelhança de Luzia, está Beatriz Francisco, que sobrevive da venda ambulante. Com poucos recursos financeiros, a senhora garante o sustento da sua família.

Beatriz deu à luz há 10 meses e o bébé nasceu saudável. Contudo o desafio está em garantir o leite diário à criança uma vez que está proibida de amamentar o seu filho sob o risco deste vir a ser infectado.

Diferente da realidade da maioria das mães seropositivas, que se encontram desempregadas, é o caso de Fernanda António. Para além do salário mensal que recebe como funcionária pública, a senhora conta com o apoio do seu marido.

As senhoras que vivem com o HIV, disseram à nossa reportagem que por vergonha em aceitar o seu estado, algumas seropositivas, não acatam os conselhos dos médicos nos cuidados a ter pós-parto.

Para conseguir alimentação para os seus filhos algumas mães seropositivas contam com a boa vontade de familiares e de vizinhos.
A estas duas causas, pobreza e preconceito, Vunda Alberto, enfermeiro do hospital Esperança acrescenta mais um: o analfabetismo, às razões que influenciam no aumento de casos de HIV.

De acordo com Vunda Alberto, o maior desejo tem sido manter constante o índice de prevalência do HIV, no entanto o número continua a subir.
O presidente da Rede Angolana das Organizações e Serviços da Sida (ANASO) António Coelho, afirmou que lutar contra o Sida é lutar contra a pobreza.

No entanto, António coelho, reconhece que essa não é a via mais eficaz. O presidente da ANASO, é de opinião de que a famílias portadoras do HIV e com poucos recursos, devem ser apoiadas com micro-crédito para que elas mesmas possam criar as suas pequenas empresas que serviriam como fonte de rendimento.

Actualmente, centenas de mulheres grávidas aderiram já ao Programa de Corte de Transmissão Vertical, para dar à luz filhos saudáveis. Ainda assim António coelho pensa que a aderência é fraca.


Ouça a reportagem da Esperança Gaspar.

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