Organizações dos direitos humanos lançam o alarme sobre abusos pre-eleitorais no Zimbabué

Presidente Robert Mugabe e o primeiro-ministro Morgan Tsvaingirai em Harare, Maio 2013

Activistas afirmam que membros da ZANU-PF do presidente Robert Mugabe estão a perseguir e intimidar apoiantes do MDC do primeiro-ministro Morgan Tsvangirai com o aproximar das eleições
A Human Rights Watch anunciou que as forças de segurança zimbabueanas leais ao presidente Robert Mugabe estão a espancar, intimidar e abusar de pessoas que consideram como críticas ao governo, numa altura em que o país se prepara para as planeadas eleições presidenciais em Julho.

O relatório da organização de defesa dos direitos humanos, baseada em Nova Iorque é publicado num contexto de preparativos para uma cimeira destinada a ultrapassar os problemas relativos a organização das eleições.

A Human Rights Watch indicou que os abusos contra os críticos do governo zimbabueano por oficiais de polícia e militares parecem estar a intensificar com o aproximar das eleições presidenciais previstas para Julho.

A organização adianta que os seus investigadores têm provas de recentes detenções, espancamentos e intimidações de zimbabueanos supostamente apoiantes do Movimento para Mudança Democrática – MDC – partido do primeiro-ministro Morgan Tsvangirai. Esse antigo partido da oposição tornou-se membro de uma trépida coligação imposta pelos mediadores depois da violenta eleição de 2008.

Membros do partido ZANU-PF do presidente Robert Mugabe não responderam a repetidas chamadas para comentarem a denunciam da Human Rights Watch. Mas o governo tinha previamente negado e rejeitado tais alegações.

O Tribunal Constitucional zimbabueano informou recententemente que o presidente Robert Mugabe deve convocar as eleições pelo menos até 31 de Julho. O presidente já fez saber várias vezes que pretende acabar com a coligação governamental. Mas o primeiro-ministro Morgan Tsvangirai disse não ser possível implementar toda a logística eleitoral e reformas democráticas antes da data das previstas eleições.

A Human Rights Watch está a apelar ao governo para agir no que toca as reformas urgentes e para por rédeas as forças de segurança. Mas com o aproximar de eleições a menos de 2 meses, tudo parece ser muito difícil. A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral – SADC – convocou uma cimeira especial para Domingo com vista a resolver os problemas de organização das eleições no Zimbabué.

Dewa Mavhing , um investigador sénior da divisão da Human Rights Watch para o Zimbabué e a África Austral, disse ser importante que a comunidade internacional faça mais pressões antes da ida as urnas de forma a assegurar um nível de igualdade de tratamento para todos os candidatos.

“Estamos a insistir de que numa democracia multi-partidária, o ambiente de respeito dos direitos humanos deve ter as forças de segurança como politicamente neutras e não tomando partidos. Caso contrário não haverá condições para a realização de eleições, quando o exército diz que não respeitará o resultado de uma eleição que não seja a favor da ZANU-PF.”

Tisseke Kassambala, directora da secção africana da Human Rights Watch, diz por sua que os grupos dos direitos humanos não apuraram nenhum abuso por parte dos apoiantes do MDC, apenas dos membros da ZANU-PF do presidente Mugabe. Mas ela adiantou que isso não quer dizer que a sua organização pretende que os zimbabueanos votem contra Mugabe.

“A Human Rights Watch obviamente que não tem nenhuma posição sobre quem deve ganhar as eleições. Contudo, o que estamos a dizer que o ambiente dos direitos humanos no Zimbabué e o ambiente eleitoral estão muito enviesados a favor da ZANU-PF e o presidente Mugabe. E estamos também a exigir que o papel das forças de segurança em assuntos eleitorais num país, é sem dúvida fazer para que sejam livres, justas ou credíveis.”

O presidente Robert Mugabe de 89 anos tem intenções de concorrer para mais um mandato. Por outras análises, é difícil imaginar o futuro do Zimbabué sem o mesmo.
Até aqui, Mugabe tem sido o único presidente que o Zimbabué conheceu desde a independência.