Apesar de advertências severas do governo venezuelano contra protestos, eclodiu violência nas ruas de Caracas, neste domingo, 30, durante uma votação polémica para uma assembleia constituinte.
Na capital Caracas, uma explosão deixou polícias feridos e incendiou oito motorizadas, numa avenida principal, escreve a Reuters citando testemunhas.
A polícia disparou gás lacrimogéneo e balas de borracha contra manifestantes numa das muitas escaramuças deste domingo.
As autoridades confirmaram três mortes durante o fim-de-semana, incluindo o assassinato de um candidato à Assembleia.
José Félix Pineda, de 39 anos, candidato a integrar a Constituinte, foi morto, no sábado à noite, na Ciudad Bolívar, sudeste do país. O ministério público não vinculou o crime a motivações políticas.
A oposição diz que o número de vítimas da violência poderá ser mais alto.
O presidente venezuelano, Nicolas Maduro, disse que qualquer pessoa que desafie a proibição de protestos durante a votação histórica arrisca até 10 anos de prisão.
Maduro foi o primeiro a votar, antes da abertura dos postos em todo o país.
Apelando para a aceitação global da votação, Maduro voltou a negar qualquer ligação à violência registada em meses de protestos contra a votação para a forte assembleia constitucional.
Maduro no poder por tempo indeterminado
Maduro prometeu que a assembleia vai restaurar a paz, após quatro meses de protestos da oposição, durante os quais mais de 100 pessoas foram mortas.
Os eleitores votam para uma "Assembleia Constituinte", cujos 545 membros serão encarregados de reescrever a constituição do país.
Críticos dizem que apenas os apoiantes de Maduro são candidatos. Eles poderão mudar a constituição para mantê-lo no poder por tempo indeterminado.
O processo é condenado internacionalmente. A Organização das Nações Unidas manifestou preocupação.
A oposição política apela para o boicote da votação, o que se reflecte no facto de apenas os apoiantes do presidente estarem nas urnas.
Os Estados Unidos, mercado do petróleo venezuelano, impuseram sanções na semana passada a líderes do Partido Socialista. A administração advertiu que iria adoptar outras medidas económicas em caso de realização da votação.
No país, a inflação provocou a falta de medicamentos e bens essenciais.