Rafael Marques denuncia execuções extrajudicias junto do Governo americano

Jornalista e activista é ouvido há 20 anos pelo Departaento de Estado.

Activista angolano analisou direitos humanos com a subsecretária para Assuntos Africanos, Linda Thomas-Greenfield

O activista e jornalista angolano Rafael Marques passou em revista nesta quarta-feira, 8, em Washington, a situação dos direitos humanos em Angola, em encontros com a subsecretária para Assuntos Africanos, Linda Thomas-Greenfield, e o subsecretário para os Direitos Humanos de Pessoas LGBT, Randy W. Berry.

“Como acontece há 20 anos, foi uma troca de conversa em que voltamos a passar em revista os direitos humanos, a liberdade de imprensa e de expressão em Angola e aproveitei para falar das execuções extrajudiciais que são cada mais marcantes”, disse Marques à VOA após o encontro.

A este propósito, aquele activista cita oito jovens dos 16 aos 25 mortos na última semana por esquadrões da morte, dos quais quatro foram frente ao Estádio 11 de Novembro.

“O que se está a passar é muito perigoso porque depois de abaterem indivíduos alegadamente criminosos, depois começam a abater alegadamente indivíduos da oposição ou por mero capricho pessoal”, alerta Rafael Marques, que, sem apontar causas meramente políticas ou partidárias, lembra que “os municípios de Viana e Cacuaco (Luanda) são de grande apoio à oposição”.

Marques lembrou que os Estados Unidos seguem muito de perto a situação em Angola e quanto mais opiniões ouvirem melhor e é por isso, reiterou, que durante 20 anos tem vindo a ser ouvido.

No caso das execuções extrajudiciais reinvidou que "violam o direito internacional e também a lei angolana porque não temos pena de morte no país".

Questionado se abordou com os responsáveis americanos a política da nova Administração Trump para África e Angola, em particular, Marques foi peremptório em responder que “não”, mas considerou que as relações entre os dois países “serão sempre importantes no domínio da política externa americana para África, juntamente com a Nigéria e África do Sul”.

Para aquele activista, “o fundamental é manter sempre essa capacidade de diálogo e que desse diálogo com a sociedade civil, Governo e outros actores possamos ter no futuro uma política clara do que poderá acontecer em Angola e como o país poderá aproveitar as suas relações com o exterior para melhor servir os interesses do povo angolano”.

Durante a sua permanência nos Estados Unidos, Rafael Marques vai manter contactos com organizações e personalidades da sociedade civil.