Milhares de professores disseram sim à greve na província angolana de Benguela, que teve início nesta segunda-feira, 9, três dias após a morte do secretário executivo do Sindicato dos Professores de Angola (Sinprof), Armindo Cambelela, intimidado enquanto preparava o movimento reivindicativo, conforme disseram a ex-esposa e a neta com quem vivia.
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Numa crítica aos ‘’poucos’’ profissionais que decidiram ignorar a paralisação, membros do Sindicato dos Nacional Professores referem que o protesto é quase perfeito, enquanto recebem dos alunos mensagens de solidariedade.
Apesar de tristes, já que se encontram a duas semanas das provas, vários alunos obrigados a regressar à casa têm noção da causa defendida pelos seus educadores.
“Acho que o Governo tem de entender os professores, eles têm as suas necessidades’’, diz um aluno, enquanto o seu companheiro, mesmo ciente dos ‘’direitos do professor’’, lembra que ‘’todos ficarão prejudicados porque estão a chegar as provas’’.
No Liceu Comandante Kassanji e na 10 de Fevereiro, duas das várias escolas em greve visitadas pela VOA, o sentimento dos professores é a expressão de baixos salários e más condições laborais.
“Aqui, os professores da manhã foram para as suas casas, independentemente do seu sindicato, o mesmo vai acontecer esta tarde. Há professores que nem sequer conseguem pagar o transporte’’, lamenta Luís Figueiroa, representante sindical, minutos antes de uma professora com mais de 20 anos na Educação, a leccionar numa escola ao lado, ter afirmado que ‘’somos tristes, estamos a ser espezinhados. Ganho 80 mil Kwanzas, mas já formei doutores e engenheiros com salários até 5 milhões. Essa greve chega tarde’’.
Numa ou noutra escola existem alunos em aulas, mas há sobretudo o reconhecimento de que a pressão do SINPROF está a mexer com o Governo, prestes a desembolsar um subsídio, segundo Teresa Ernesto, directora de uma destas escolas.
“É o subsídio de diuturnidade, penso que são 3 por cento do salário, é relativo ao tempo de serviço’’, admite a directora.
Sindicalista morto estava ameaçado
O Gabinete Provincial da Educação não emitiu qualquer pronunciamento sobre a paralisação que acontece após a morte de um sindicalista tido como parceiro do Governo, Armindo Cambelele, ameaçado pela sua participação neste processo.
"Ele dizia que se tinha metido num problema, era muita a pressão’’, revela Ana do Céu, a mãe dos filhos do sindicalista, ao passo que a neta, Tatiana da Silva, salienta que ‘’ele me disse que queria abandonar, estava a ser ameaçado’’.
As investigações prosseguem, quando se sabe que a autópsia refere terem sido encontradas substâncias tóxicas no seu organismo, com a Polícia a não ligar, por ora, a morte de Armindo Cambelele à greve na Educação e ao seu estatuto profissional.