Parlamento angolano rejeita pedido de investigação à dívida pública

Adalberto Costa Júnior questiona rapidez na resposta

UNITA diz que vai insistir

A direcção da Assembleia Nacional de Angola chumbou o pedido da UNITA para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à divida pública, mas o maior partido na oposição já avisou que vai continuar a insistir.

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Paarlamento angolano rejeita investigação á divida pública -

Especialistas ouvidos pela VOA mostram-se divididos quanto à matéria.

A UNITA disse estranhar a rapidez com que a Assembleia Nacional respondeu à sua solicitação, quando, por exemplo, o pedido também daquele partido para uma CPI às contas do Fundo Soberano muito anterior continua sem resposta.

Adalberto da Costa Júnior, o chefe da bancada parlamentar da UNITA, diz que pelo interesse do assunto a sua direcção vai insistir.

"Qual é a razão para este indeferimento veloz à CPI da dívida pública? Quanto a nós, visa impedir um esclarecimento à verba da dívida pública que é superior a 50 por cento do OGE, e por isso não vamos abrir mão desta matéria e temos especialistas a trabalhar nisso porque é de interesse nacional relevante”, reforça Costa Júnior, lembrando que no Fundo Soberano fala-se de uma verba que vai até os cinco mil milhões de dólares, enquanto no caso da dívida o montante ascende a 45 mil dólares.

Analistas divergem

Por seu lado, o investigador do Centro de Estudos da Universidade Católica de Angola, Precioso Domingos, condiciona mesmo o sucesso da governação de João Lourenço à resolução imediata do assunto sobre a divida publica nacional.

O economista defende mesmo uma auditoria séria e independente às contas da dívida pública.

"A dívida pública em Angola é uma festa, é uma forma de muita gente se enriquecer, de se tornar bilionário e se o Presidente da República quiser uma governação de estabilidade terá obrigatoriamente de investigá-la para tentar perceber qual de facto é a dívida pública de Angola, caso contrário os contribuintes nacionais vão continuar a beneficiar a privados", explica Domingos.

Posição contrária tem o também economista José Matuta Coato, para quem a oposição esta apenas a querer criar um facto político.

"Acho que é uma questão meramente política, até porque o Executivo já se adiantou quando criou uma estrutura paralela dentro do Ministério das Finanças para cuidar da auditoria à dívida publica, o que a oposição coloca em causa é se a dívida contraída terá sido mesmo aplicada em investimentos públicos”, defende Coato.