Moçambique: Os "interesses" do regresso da TotalEnergies a Cabo Delgado

TotalEnergies

Multinacional, que tem o maior projecto privado de África na província moçambicana de Cabo Delgado, continua a adiar o regresso das operações

Analistas políticos moçambicanos divergem relativamente ao facto de a TotalEnergies estar a protelar o seu regresso a Palma, para retomar o projecto de exploração de gás.

Alguns consideram que a gigante francesa está a arrastar os pés para ter ainda mais regalias, enquantom outros dizem que esse protelar tem a ver com as contas pendentes das empresas prestadoras de serviços, para além de que Moçambique está praticamente na fase de transição para um novo Governo.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, diz que em termos de segurança em Palma, as coisas vão bem e a TotalEnergies pode regressar, mas esta reitera que o retorno não é para já.

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O economista e investigador do Centro de Integridade Pública (CIP), Rui Mate, entende que neste processo há um jogo para se maximizar os benefícios porque para a TotalEnergies, quanto mais regalias e quanto menos impostos tiver, é bom para a companhia.

O Governo, por seu turno, tenta colocar as coisas a seu favor, dando a indicação de que a paz está totalmente estabelecida em Palma, “o que não, porque ainda há desafios em termos de segurança, funcionários de algumas instituições ainda não estão lá, e se a vida estivesse normalizada, Palma e Mocimboa da Praia não estariam sob protecção militar”, aponta Mate.

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A TotalEnergies interrompeu o seu projecto em Palma e declarou Força Maior, na seqüência de um ataque jihadista a 24 de Março de 2021.

Agora diz que o seu regresso representa custos adicionais em termos de segurança, os quais devem ser repassados para o Estado moçambicano.

Rui Mate refere que, para além destas questões, existe também o facto de Moçambique estar numa fase de transição de governos, sendo que o actual pretende maximizar os ganhos do projecto antes de terminar o seu mandato “e, eventualmente, a TotalEnergies, pode, por sua vez, estar interessada em negociar com o futuro Governo”.

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Por seu turno, o sociólogo e analista político Moisés Mabunda diz que a atitude da TotalEnergies pode ser “uma chantagem ao Governo “porque em negócios se usam todas as artimanhas para se puder tirar o máximo proveito dos investimentos”.

“Normalmente, as multinacionais não gostam de pagar impostos e sempre querem ter mais benefícios, em prejuízo dos países onde exploram os recursos, e esta pode a essência deste processo”, anota também o analista político Guilherme Mbatana.

Contudo, opinião contrária tem o jornalista Tomás Vieira Mario, para quem, após a declaração da Força Maior, a retoma da Total dependerá, provavelmente, do acerto de contas pendentes entre aquela companhia e as empresas que prestam serviços.

Aquele analista político refere que as mais recentes declarações da TotalEnergies a partir de Paris “já não colocam em causa qualquer questão de segurança, mas referem que a empresa está a ter dificuldades de acerto de contas com as empresas que fornecem serviços à Total, e são muitas e pesadas empresas”.

Para o analista político Lucas Ubisse, “neste momento, a Total está a tentar fechar as contas com as várias empresas prestadoras de serviços, e assim que isso for feito, teremos a Total de volta a Palma e sem muitos custos adicionais para o Estado moçambicano”.