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Regresso da TotalEnergies a Cabo Delgado pode ter várias implicações com forte impacto financeiro


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Analistas políticos e investigadores advertem que a incorporação do orçamento de uma eventual força de segurança nos custos recuperáveis do investimento da companhia vai reduzir as receitas, diminuindo os benefícios das comunidades

A multinacional TotalEnergies impôs condições para regressar à actividade em Cabo Delgado, depois de ter abandonado o local em Abril de 2021, devido aos ataques de insurgentes naquela província moçambicana, informaram recentemente alguns meios de comunicação.

Analistas políticos admitem que era expectável que a empresa colocasse condições para a retomada do seu projecto de gás em Cabo Delgado, nomeadamente a criação de uma força exclusiva de protecção, mas advertem que a incorporação do orçamento dessa força nos custos recuperáveis do investimento da companhia vai reduzir as receitas, diminuindo os benefícios das comunidades.

O Centro de Integridade Pública (CIP) já havia alertado para esta possibilidade de as companhias petrolíferas tentarem renegociar os seus projectos em Cabo Delgado, devido à insegurança, e o pesquisador Gift Essinalo diz que esta é uma questão bastante sensível, porque a expectativa dos moçambicanos é que a Total regresse a Palma, "devido a projecções que o Governo fez, relativamente a receitas que poderão resultar do seu projecto de gás".

Essinalo afirma não entender porque é que o orçamento dessa força deve ser incorporado nos custos recupuráveis da companhia porque a mesma vai ser constituída por unidades militares que já operam em Cabo Delgado.

Entretanto, o investigador João Feijó diz ter dúvidas que a Total reinicie agora em Março, porque há indicadores exigidos pela companhia que ainda não estão garantidos, nomeadamente, as questões de segurança.

Para ele, o facto de a Total pretender incorporar o orçamento da força exclusiva nos custos recuperáveis da empresa, "parece-me realista a Total está a tentar tirar vantagens no processo de negociação com o Governo, uma vez que as empresas da indústria extractiva estão habituadas a operar em contextos de grande insegurança".

Por seu turno, o economista João Mosca diz que a Total pretende a criação de uma força exclusica de protecção porque não tem nenhuma confiança no exército moçambicano e nas forças internacionais que se encontram em Cabo Delgado.

Mosca afirmou que com a eventual incorporação do orçamento dessa força nos custos recuperáveis da Total, o previsto Fundo Soberano vai ficar com recursos muito limitados, para além de que não sabe se algum dia um tal fundo vai ser constituido.

"Estamos a falar disto há mais de sete anos, e não há nenhum resultado", concluiu.

O presidente da TotalEnergies deve visita Moçambique em breve, segundo alguns meios de comunicação.

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