Moxico: alto número de ravinas e corte de árvores indiscriminado preocupam activista

  • Danielle Stescki

Activista Nelson Mucazo Euclides

“Estamos em perigo. O Governo está vendo e não faz nada,” alerta Nelson Mucazo Euclides.

As ravinas tornaram-se um problema preocupante em Angola e já estão espalhadas por todo o país. As províncias mais atingidas por esse fenómeno geológico, que consiste na formação de grandes buracos com diversas dimensões e profundidades, são: Moxico, Luanda, Uíge, Huambo, Bié, Zaire, Lunda-Sul, Lunda-Norte e Cuando Cubango.

Ravina no bairro do Aço

No Moxico há 23 ravinas, sendo que uma delas ameaça dividir a cidade do Luena, conforme alerta o activista e defensor dos direitos humanos, Nelson Mucazo Euclides.

O activista chama a atenção para o facto de as ravinas estarem muito próximas das casas das pessoas e o Governo fazer muito pouco para resolver o problema.

Segundo Euclides, polícias foram designados para fazer o trabalho, sem sequer contar com uma máquina para ajudar a conter os grandes buracos. “O trabalho da polícia não é rebocar ravina."

Além disso, Euclides conta que estão a ser cimentadas ravinas no Moxico, o que o deixa muito preocupado, pois acredita que o cimento não vai conseguir conter a força do fenómeno geológico provocado pelas chuvas em solos onde a vegetação é escassa.

O activista afirma que as pessoas correm riscos.“Estamos em perigo. O Governo está vendo, e não faz nada”.

Euclides crítica isso, porque as ravinas continuam a avançar.

“O que estão a fazer aqui é vedar os olhos de uma pessoa com um pano transparente."

Corte de árvores sem planeamento

Em uma entrevista à Voz da América publicada no dia 4 de Dezembro de 2016, Nelson Mucazo Euclides alertou sobre o corte indiscriminado de árvores que acontece na província do Moxico, principalmente nos municípios de Bundas e Luchazes. Ele diz que a situação de lá para cá piorou, porque agora há estaleiros cheios de troncos.

Camião no bairro do Zorro

“Sabemos que a China transporta as nossas madeiras de uma forma ilegal, porque nós não sabemos como eles trabalham.”

O activista diz que a população do Moxico não se beneficia do corte das árvores, pois quase nada é feito para resolver o problema dos grandes buracos.

Ele considera uma “invasão” o acto dos chineses de cortarem árvores na província. “Se tivessemos um Governo sério, acho que poderia haver detenção dessas pessoas."

Euclides acredita que haja uma espécie de acordo entre o Governo do MPLA e os chineses. “Nós, como cidadãos, não temos nenhuma informação."

Para ele as coisas não melhoraram com a entrada de João Lourenço. “Continua o mesmo processo: um Governo fechado, onde o cidadão não entende nada. Vive como se fosse um inquilino.”

Durante a entrevista o activista também mencionou um outro problema grave na capital da província do Moxico. Até hoje não há esgoto em Luena.

“O Governo diz que está a construir a cidade, mas como construir uma cidade sem esgoto? Quando cai chuva, a água não tem para onde ir. O próprio Governo não dá conta."

Activista Nelson Mucazo Euclides

Nelson Mucazo Euclides, de 29 anos, é natural da cidade do Luena, capital da província do Moxico. Estuda Direito em Luanda, no Instituto Superior de Ciências de Administração e Humanas. Também é activista e defensor dos direitos humanos.

Confira a entrevista na íntegra.

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Entrevista com Nelson Mucazo Euclides