A cidade de Maputo, capital de Moçambique, continua sob intensos protestos no terceiro dia da fase "4x4" de manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Desde 21 de outubro, pelo menos 88 pessoas morreram e 274 foram baleadas durante as manifestações e ainda há registo de 3.450 detidos neste período, disse esta sexta-feira, 6, a organização não-governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide.
Em Nampula, a imprensa fala em sete mortos só na quinta-feira, 5. A polícia confirmou que pelo menos cinco pessoas foram mortas e três outras ficaram feridas.
“Entre as vítimas mortais, algumas foram atropeladas e espancadas. Nenhuma das vítimas era agente da polícia”, declarou o porta-voz da polícia nacional, Orlando Modumane.
No distrito de Namiepe, houve uma tentativa de invasão à 5ª Esquadra da PRM, que foi abortada pelos agentes.
A manhã desta sexta-feira foi marcada pela queima de pneus e corte dos acessos a várias ruas da capital.
Augusto Ramos, secretário do bairro de Namiepe, disse ao portal de noticias Ikweli que alguns líderes comunitários estão a ser perseguidos.
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“Na verdade, estamos preocupados porque em cada manifestação estamos a sofrer um roubo e crime, só para ver que mesmo nós que não estamos envolvidos nessa guerra, estamos a ser perseguidos, por exemplo, ontem tínhamos que correr de um lado para o outro, na minha casa já vieram manifestantes para assassinar-me a minha família, alegando que sou da Frelimo, assim acabei saindo de casa junto com a minha família”, contou Ramos.
O Conselho Constitucional deverá confirmar os resultados pelo menos duas semanas antes da tomada de posse, em janeiro, de Daniel Chapo, 47 anos, candidato da Frelimo à sucessão do Presidente cessante, Filipe Nyusi.
A comissão eleitoral informou que Chapo obteve cerca de 71% dos votos, enquanto Venâncio Mondlane, 50 anos, líder do pequeno partido Podemos, ficou em segundo lugar com 20%.
Mas Mondlane alega que uma contagem separada revelou que ele recebeu 53% dos votos, tendo Chapo apenas 36%.
Antigo apresentador de rádio, Mondlane disse nas redes sociais que não esperava que os manifestantes se tornassem apáticos durante a época festiva. “Desta vez, não vamos ter Natal, porque o povo vai estar na rua”, insistiu Mondlane na quinta-feira.
c AFP