Luanda: Testemunha diz que Quim Ribeiro mandou matar subordinado

  • Alexandre Neto

Comissário Joaquim Ribeiro (em pé, à direita) numa foto de arquivo no Tribunal de Luanda

Vítima denunciou alegado desvio de 3.7 milhões de dólares dos cofres da polícia

Um processo que se arrasta

O julgamento do polémico caso Quim Ribeiro não está para breve, mas o processo conheceu dados novos. O antigo comandante da polícia da província de Luanda, é acusado do desvio de 3,7 milhões de dólares e de mandar matar o polícia que denunciou esse desvio.

O jornal “A Capital”, diz que o Superintendente Augusto Viana (antigo subordinado de Quim Ribeiro) o identificou como autor do furto e da ordem de assassínio. Os 3,7 milhões encontravam-se num cofre da polícia e tinham sido apreendidos.

A investigação colocou os dois homens frente a frente, no passado dia 10. Foi então que Augusto Viana confirmou que de facto Joaquim Ribeiro, o ex-Comandante, se tinha apossado dos três milhões e 700 mil dólares americanos.

A testemunha declarou que foi ele pessoalmente, o então Comandante, a deslocar-se à Divisão onde se encontravam guardados os valores, eram 3 horas da madrugada do mesmo dia.

Ainda de acordo com o jornal que cita a testemunha, o responsável de Luanda da polícia chegou a ordenar o assassinato de Domingos João, um superintendente da polícia que tinha denunciado o facto publicamente.

Viana disse ter recusado assassinar o colega e ausentou-se do país de propósito.

O assassinato ocorreria pouco tempo depois, pelas mãos doutros executantes, e visou segundo entendidos, apagar uma testemunha chave.

Apesar das citadas evidências trazidas à público, este processo que foi iniciado no ano passado, não tem avançado muito para chegar a fase do julgamento.

O passado mês de Abril tinha sido apontado por alguns magistrados públicos como o mais provável para o julgamento, o que entretanto não aconteceu.

Nem se quer uma alegada despromoção, que deveria ser ordenada pelo presidente da República teve lugar.

Ouvido pela VOA, o Dr. Hermenegildo Kachimbombo, disse que não compete aos procuradores fixar datas de julgamento. Somente após o relatório do instrutor do processo ter sido remetido ao Procurador e depois aos Juiz presidente, este fixará a data exacta do início do julgamento.

Quando perguntado sobre eventuais prazos vencidos, o especialista disse que não se tratando de arguido detido preventivamente, os prazos podiam ser mais distendidos.

Explicou que podem passar dois meses entre a entrega do relatório de instrução ao procurador e a marcação da data do julgamento.

O caso Quim Ribeiro tem despertado interesse público, por causa doutros acontecimentos que tiveram lugar no seu consulado. O massacre da frescura, com oito jovens mortos em 2008 é o que mais pontifica, reforçando suspeições de existência dum “esquadrão da morte” no seio da corporação policial.

Todas as tentativas por nós realizadas para ouvir os seus advogados, não resultaram.