José Julino Kalupeteca tem 47 anos de idade, é natural do Huambo, pai de oito filhos e é camponês de profissão.
Ele está a ser julgado no Tribunal Providencial de Huambo onde declarou não ter visto mortos no monte Sumi.
Após desentendimentos com a Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia, em que chegou a ser líder da juventude depois de ter frequentado a um curso bíblico, fundou o que chama a sua igreja, A Luz do Mundo, em meados de 2006.
O líder que movimentou centenas de pessoas para os seus cultos em várias montanhas de Angola estudou apenas durante quatro meses na primeira classe.
Por “razões espirituais”, segundo disse no tribunal nesta quinta-feira, ele não usa telefone. Kalupeteca também não escreve.
Ao longo do interrogatório não se cansou de responder, de forma serena, às mais de 80 perguntas feitas pelo juiz presidente Afonso Pinto, mas, em determinados momentos em que não entendeu as perguntas repetiu “estou perdido, doutor”.
O também conhecido como “pai Kalupeteca” conta a sua versão dos factos do monte Sumi, onde, segundo as autoridades, morreram oito oficiais das forças da segurança e 13 civis.
José Julino Kalupteca repetiu várias vezes não ter visto nenhuma morte, nem de civis, nem do polícias.
“Vi apenas fumo e poeira”, garantiu o também conhecido pelos seus seguidores como pastor e profeta.
Questionado sobre quantos fiéis encontravam-se no monte Sumi, Kalupeteca disse que “inicialmente eram 700 pessoas”, mas depois de o governador ter ordenado o fim das suas actividades “apenas ficaram alguns obreiros, viúvas e crianças”, que tinham como principalmente ocupação a agricultura.
“Várias outras pessoas voltaram aos arredores do monte Sumi por terem comprado lá os seus terrenos” continuou Kalupeteca, sem adiantar números.
Em relação ao número de mortos ou feridos, o líder de A Luz do Mundo disse não ter visto “nada”.
José Julino Kalupeta é acusado de co-autoria material de nove crimes de homicídio qualificado consumado, crimes de homicídio qualificado frustrado e ainda de crimes de desobediência, resistência e posse ilegal de arma de fogo.