A Confederação das Associações Econômicas de Moçambique (CTA) indignada com a onda de raptos, questiona por que não entra em atividade a brigada anti-raptos, cuja criação foi anunciada, em 2020, pelas autoridades governamentais.
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O corpo diretivo da CTA reuniu-se, em Maputo, com as associações económicas nacionais para debater a onda de raptos, e quis saber do Governo por que não é operacionalizada a brigada anti-raptos.
‘’Uma das exigências do sector privado é realmente que se operacionalize a brigada anti-raptos anunciada pelo Governo faz já muito tempo, e 12 anos com raptores a atuarem, constitui uma grande preocupação’’, destaca o empresário Adelino Buque.
Veja Também Falta vontade política para travar raptos em MoçambiqueO também empresário Zueneid Calumias diz que se nota “uma fraca resposta policial a esta problemática; um dos detidos confirmou o seu envolvimento no crime de raptos, e então existe uma grande preocupação relativamente à reação policial”.
Entretanto, João Mosca, economista e analista político, diz ser curioso que nalguns casos estejam, alegadamente, envolvidos agentes das autoridades, “o que faz depreender que existem instituições e responsáveis de nível muito mais alto dessas instituições envolvidos em raptos’’.
Assunto interno
“Recordo-me que houve dois ministros que foram demitidos ou substituídos, e uma das razões foi a fraca resposta em relação à deteção e resolução da onda de raptos. Portanto, o assunto é interno no sistema policial e judicial,’’ anota Mosca.
Veja Também Inércia no combate aos raptos pode ter contribuído para o afastamento da ministra moçambicana do InteriorPor outro lado, o analista político Francisco Matsinhe, diz que tem conhecimento de que “é muito difícil lidar com este tipo de crimes, mas a forma como os raptos acontecem, dá a entender que existe qualquer coisa nas instituições que devem lutar contra estes crimes.’’
Contudo, o ministro do Interior, Pascoal Ronda, salienta que o combate aos raptos é um dos principais desafios das autoridades policiais, e mostra-se preocupado com a liberdade provisória concedida a arguidos alegadamente envolvidos em crimes de rapto.
Ronda defende uma reflexão sobre o tratamento deste tipo de delitos, porque alguns dos detidos pelos crimes de raptos são postos em liberdade provisória mediante pagamento de uma caução ou sob termos de identidade ou de residência.
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