Filme sobre a Gorongosa estreia na capital americana

Greg Carr (à direita) com Mateus Mutemba, entrevistados por Filipe Vieira, no estúdio da Rádio Voz da América

“Elefantes com Futuro” é o título do documentário patrocinado pela National Geographic Society

Acaba de ser estreado na capital Americana um novo documentário, inteiramente filmado na reserva nacional de caça moçambicana da Gorongosa. É o segundo filme sobre a Gorongosa, patrocinado pela National Geographic Society, devendo em breve ser mostrado em redes de televisão em todo o mundo.

“Elefantes com Futuro” é o título do documentário em que a Dra. Joyce Poole - uma das maiores especialistas mundiais em elefantes - aproxima-se daqueles animais selvagens e procura alterar o seu comportamento hostil em relação aos seres humanos. Joyce e o seu irmão Bob Poole, contam a história de elefantes traumatizados pela violência da guerra civil e pela perseguição que lhes foi movida pelos caçadores furtivos e põem em prática técnicas para que os elefantes modifiquem o seu comportamento.

Greg Carr e Mateus Mutemba, durante a visita à VOA.

O filantropo americano Greg Carr está envolvido num projecto de reabilitação do Parque da Gorongosa: “Temos apenas quatro anos cumpridos num programa de 20 anos, mas já tivemos imenso sucesso. Reintroduzimos muitos animais e os animais que lá estavam estão a reproduzir-se. Desde que comecei a ir à Gorongosa, vai para mais de cinco anos, até agora, há uma diferença espantosa! A natureza regenera-se, de facto, quando se lhe é dada uma oportunidade”.

Mas, para Greg Carr, um americano tranquilo apaixonado por Moçambique, o Parque da Gorongosa é muito mais do que um projecto para salvar a natureza. Diz ele que “o projecto da Gorongosa muito mais do que os animais, as árvores e água. Tem também a ver com os seres humanos. E nós trabalhamos juntamente com as populações tradicionais, que vivem em redor do Parque, e, sob a liderança do administrador do parque, temos programas de saúde, construímos escolas, proporcionamos educação sobre conservação da natureza. Nós vemos o parque como sendo um grande ecossistema de seres humanos e de animais.”

Greg Carr afirma que estão a ser feitos progressos em muitas áreas, desde o afluxo de turistas, que arrancou, praticamente, do zero para os sete mil visitantes que estiveram na Gorongosa, no ano passado. É isso mesmo que nos diz também Mateus Mutemba, administrador do Parque Nacional da Gorongosa.

Mutemba salienta o impacto social da Gorongosa e adianta que o parque emprega hoje perto de 400 pessoas e destas 400, mais de 95 por cento são das comunidades vizinhas. Diz Mutemba: “Passámos de uma situação em que a economia não tinha dinheiro a circular para uma situação em que as pessoas, hoje, têm um emprego, têm outras aspirações na vida, conseguem levar as suas crianças à escola, têm padrões de consumo diferentes e podem elas próprias a começar a gerar outros empregos na comunidade onde vivem”.