União Africana envia missão para investigar a situação política no Egipto

Apoiantes do presidente deposto Mohamed Morsi a protestar nas ruas do Cairo

Novo governo egípcio defende que a mudança em curso é constitucional e espera que a suspensão do país no seio da União Africana dure poucas semanas
Um enviado egípcio protestou contra a suspensão do país da União Africana, afirmando que a decisão foi baseada numa série de eventos mal-entendidos.

Segundo a corresponde da VOA, Marthe van der Wolf em Adis-Abeba, a Comissão da União Africana prevê enviar uma missão ao Egipto para reavaliar a sua decisão.

O Egipto afirma que a sua suspensão pela União Africana após o derrube militar do presidente Mohamed Morsi no início deste mês, deve ser reconsiderada.

O enviado especial egípcio, Mona Omar, lamentava por isso a decisão.

“Viemos para explicar e dizer que a revolução que teve lugar no Egipto foi um levantamento popular, nada de mudança inconstitucional, e que estamos aguardando que os nossos irmãos e irmãs em África e a União Africana realmente nos apoiem.”

Dois dias após as forças armadas egípcias terem derrubado o governo do presidente Morsi, suspenso a constituição e nomeado um presidente interino, a União Africana suspendeu o país da organização, afirmando que a mudança do governo era inconstitucional.

A presidente da Comissão da União Africana, Nkossazana Dlamini-Zuma disse que o Egipto concordou em receber a missão africana que deverá investigar a situação.

“Chegamos a um entendimento que eles irão, vão reunir os dados e informar ao Conselho de Paz e Segurança o que encontraram, o que ouviram e iremos em seguida agir. Mas estamos profundamente convencidos de que o Egipto deve regressar rapidamente ao seio da família da União Africana, como um membro activo.”

A missão da União Africana é composta de 3 antigos presidentes africanos. O enviado especial egípcio disse esperar que a avaliação desse painel possa conduzir ao fim da suspensão do Egipto nas próximas semanas.

“Do nosso ponto de vista, o critério no qual foi baseado no início para prevenir o Egipto em continuar na organização, não foi o mais correcto. Por isso esperamos que quando a missão vá e veja a situação no terreno, e conclua que nós tomamos a decisão certa que é uma mudança constitucional em curso no Egipto.”

O governo interino egípcio já definiu o quadro para a revisão constitucional e a realização de eleições para restaurar o primado da democracia. Mas o enviado especial Mona Omar realçou que o partido Irmandade Muçulmana do derrubado presidente Mohamed Morsi rejeitou em participar no processo.