Os observadores do diálogo entre o Governo e a Renamo defenderam nesta sexta-feira ser urgente um encontro entre Afonso Dhlakama e o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, classificando “chocante” a invasão da casa do líder do maior partido da oposição.
A declaração surge depois de Dhlakama ter entregue armas que estavam na sua casa e negado a proteção da polícia.
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“Ambos os lados (Governo e Renamo) acham que (o diálogo) deve acontecer muito em breve”, disse Dinis Sengulane, em declarações a jornalistas após a entrega das armas da Renamo à Polícia moçambicana, adiantando que há contactos para a acelerar o encontro.
Forças especiais da polícia moçambicana invadiram hoje de manhã a casa do presidente da Renamo e prenderam guardas do partido de oposição.
Um dia depois de ter reaparecido na serra da Gorongosa, ao fim de quase duas semanas em lugar desconhecido, era esperada uma conferência de imprensa do líder da oposição hoje de manhã na sua casa no bairro das Palmeiras, na Beira.
Contudo, Dinis Sengulane considerou lamentáveis e chocantes os contornos de agressividade com que ocorreu a invasão da residência do líder da Renamo.
“A entrega das armas é um gesto simbólico daquilo que um bom diálogo pode produzir”, precisou Dinis Sengulane, considerando que o desarmamento do maior partido da oposição “irá facilitar as negociações”.
Sengulane manifestou surpreendido com a acção da Polícia, que considerou que não fazia parte do processo de “acompanhamento do regresso à vida normal do líder da Renamo, Afonso Dhlakama”, sustentando que o seu resgate foi um trabalho bem sucedido.
Apesar do incidente, Dinis Sengulane considerou que o diálogo, entre o Governo e a Renamo já recomeçou de uma maneira prática.
“O nosso apelo é que as armas não sejam usadas para manifestar qualquer que seja o sentimento politico”, declarou, pedindo igualmente que haja um diálogo permanente entre o Governo e a Renamo.
A invasão da casa de Afonso Dhlakama na Beira acontece um dia depois de ter reaparecido na serra da Gorongosa, ao fim de quase duas semanas em lugar desconhecido, após ter desaparecido no dia 25 de Setembro em Gondola, província de Manica, durante confrontos entre os homens armados da oposição e as forças de defesa e segurança.
Segundo Manuel de Araújo, o material foi entregue pessoalmente por Afonso Dhlakama aos mediadores do processo de diálogo entre Governo e Renamo e estes, por sua vez, deixaram-no à responsabilidade dos representantes da polícia moçambicana, num acto testemunhado pela governadora da província de Sofala, Helena Taipo.
“Confirmamos a entrega de 16 armas Ak-47, uma pistola Tokarev, munições, um punhal e três carregadores", disse à imprensa, Manuel de Araújo, um influente autarca do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira maior força política, ao ler o termo de entrega do armamento da guarda do presidente da Renamo.