Desespero toma conta dos moradores das comunidades do bairro Walale, Santa Paciência, Cajueiro, Cidade Pacífica, todas no Zango, arredores de Luanda, por causa das demolições que não páram, e também alguns desmandos praticados pelos militares ao serviço da Zona Económica Especial (ZEE).
A nossa reportagem foi ver e falar com as vítimas, estes dizem não saber mais a quem recorrer e lançam um apelo ao governo angolano para intervir:
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Cinco comunidades no Zango, arredores de Luanda dizem viver dias de terror com a intervenção de militares da PCU que em nome da ZEE vão demolindo as casas dos moradores.
Segundo os populares, os militares vão protagonizando cenas contra os moradores como violação de senhoras, maus tratos aos senhores, crianças e idosos, roubo dos haveres das pessoas e extorsão, ao ponto das vítimas não saberem mais a quem recorrer para os ajudar.
''Estamos a chorar com este governo, que sinta só pena de nós que estamos aqui no Zango, para ver onde nos pode meter, não temos mais onde queixar''
O desespero de uma moradora do bairro Walale no Zango que diz não ter onde morar com suas crianças depois dos militares terem partido a casa onde vivia com seis filhos.
''Não sei onde é que vou viver com estas crianças''.
A senhora Madalena que diz ter feito uma solicitação de crédito para construir a sua casa foi trabalhar no fim-de-semana e quando regressou no lugar onde estava a sua casa encontrou apenas escombros, agora interroga-se:
''Partiram a minha casa tenho dívida com o banco que está sempre a me descontar como é que vou fazer? Isso que eles estão a fazer estão a matar as pessoas lentamente, onde posso recorrer?
Desmandos incontrolados são relatados pelos moradores, atribuídos às tropas da PCU que segundo essa moradora não poupam nem mesmo senhoras idosas.
''Surgiram os militares às 3 horas da madrugada, mandaram acordar toda gente, com carros sem matrículas, recebem os telefones das pessoas, minha mãe de 70 anos de idade foi atirada ao chão, tiros é tiros, eles não querem saber de nada''.
As mulheres vítimas de abusos sexuais por parte dos militares não se sentem à vontade para denunciar os actos nem relatar ao microfone da VOA como nos diz Rafael Morais da SOS-Habitat que tenta ajudar como pode.
''Muitas pessoas têm vergonha de denunciar estes actos de militares por vergonha quem sabe, existem mesmo estes actos (violação praticada por militares), também há roubos, as Forças Armadas estão a extorquir as pessoas, a pedir dinheiro em troca de não partirem as casas, ontem mesmo recebi um telefonema de um cidadão que lhe foi extorquido 150 mil kwanzas que guardava para ajudar seus familiares em Benguela que se encontram doentes''.
O activista e coordenador da SOS-Habitat aproveitou para reforçar o apelo dos moradores as entidades competentes a colocar fim aos desmandos dos militares.
''É importante que este apelo seja ouvido pelas autoridades, Ministério Público, Família e Promoção da Mulher, Instituto Nacional da Criança, para investigarem e encontrarem solução para o que acontece aqui no Zango''.