Cerca de duas mil famílias que viviam no bairro Batechapa, no Zango 3, arredores de Luanda queixam-se de terem sido desalojadas e levadas em camiões para uma mata perto de Calumbo em Agosto passado.
Apesar da promessa de receberem terrenos para construírem as suas casas, dois meses depois, queixam-se do abandono total das autoridades.
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Aquelas famílias vivem praticamente ao relento, sem quaisquer condições de habitabilidade, estrada, água nem luz.
''Apanhamos água da chuva, não temos latrinas, as pessoas defecam ao ar livre, estamos como se fosse numa capoeira, passamos dias sem tomar banho, os filhos não vão à escola e não podemos trabalhar”, queixa-se um morador que adverte para o surgimento em breve da prostituição.
Outro residente critica o facto de as crianças terem deixado de ir às aulas e agora “ perderam o ano lectivo, enquanto quem pôde deixou os filhos com parecentes para não correrem esse mesmo risco”.
Um morador de 78 anos, que se identificou apenas como João, perguntou que “frente a tanto sofrimento, qual é o trabalho do Governo para com o povo?”.
“Um filho teu mesmo vive assim? Ou somos estrangeiros em Angola, para nos deixar sofrer assim? Nos metem aqui na mata pra amanhã morrer aqui? O que querem com o povo? Se não precisam do povo é preferível matarem todo o povo e Angola fica uma terra vazia”, desabafou.
Outras duas sectagenáras, que falaram em kimbuno, disseram não ter água e passar fome.
O pior, segundo vários moradores que falaram com a VOA, é que ninguém aparece e não há respostas dos governantes e não sabem se a responsabilidade pelo cumprimento das promessas feitas é das Forças Armadas, que fizeram as demolições, ou da administração municipal de Viana.
A VOA tentou ouvir as autoridades, mas sem qualquer sucesso.