O governo chinês está aborrecido com o apoio internacional a um artista e activista dos direitos humanos preso recentemente. Ai Weiwei foi vítima de um aumento da repressão na China, onde as autoridades receiam revoltas semelhantes às que abalam o Médio Oriente e Norte de África.
O porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei, diz que Ai Weiwei é um suspeito criminoso e que “as pessoas estão surpreendidas e irritadas pelas queixas que se ouvem em Washington e outras capitais do Ocidente”.
“Porque razão as pessoas em certos países tratam um suspeito criminoso como um herói”? pergunta Hong Lei, acrescentanto: “Os chineses estão muito insatisfeitos com o apoio estrangeiro a Ai.”
Horas após as declarações chinesas, Catherine Ashton, alta comissária para os Negócios Estrangeiros da União Europeia, exortou a China a libertar Ai e todos os dissidentes políticos encarcerados.
Adiantou estar preocupada com a deterioração do respeito pelos direitos humanos na China, assim como as restrições cada vez maiores impostas aos jornalistas estrangeiros.
O governo chinês, disse Ashton, deve pôr termo às prisões arbitrárias e ao desaparecimento de pessoas e tratá-las de acordo com as normas internacionais de direitos humanos.
Ai Weiwei é um de muitos activistas chineses presos durante uma nova onda de repressão suscitada por apelos anónimos à realização de protestos semelhantes aos que se verificam nos países árabes.
Mas o caso de Ai Weiwei é extraordinário. Ele é um dos artistas responsáveis pela concepção do Estádio Olímpico de Pequim, conhecido por “Ninho dos Pássaros”, e o seu pai era um famoso poeta revolucionário.
Apesar disso, o artista de 53 anos passou rapidamente de embaixador nacional a vilão. Foi preso há nove dias, acusado de crimes económicos não especificados, quando se preparava para viajar para o estrangeiro para uma exposição.
Hong Lei diz que o anterior estatuto de Ai Weiwei não vale muito e que ele, como suspeito criminoso, será punido nos termos da lei. Não se sabe onde o artista está detido, nem se está a receber tratamento para a diabetes.
Hong também criticou o relatório anual do Departamento de Estado sobre os direitos humanos afirmando que os Estados Unidos devem preocupar-se com o que se passa no seu país, e deixar os outros em paz.
Analistas internacionais dizem que a elite política chinesa acredita que os activistas dos direitos humanos são apoiados por governos ocidentais que pretendem derrubar o regime comunista através de conspirações subversivas.