França proíbe véu islâmico
A França é o primeiro país no mundo a adoptar a lei de proibição de uso em público do niqab ou seja do véu islâmico.
A nova legislação entrou hoje em vigor e está a suscitar reacções negativas dos muçulmanos.
A última sessão de oração de Sexta-feira na Mesquita Fraternidade de Aubervilliers estava cheia. Na secção das mulheres há um colorido criado pelas djellabas do norte de África, as sotainas ou boubous da África subsariana entre muitos, além dos hábitos negros e com véus, ou seja os hijabs. É o reflexo da rica mestiçagem da imigração em França.
A partir de hoje e por força da lei, é proibido o uso em locais públicos do niqab ou da burqa, dois tipos de véu islâmico.
Someya é uma jovem muçulmana de 22 anos que usa a burqa. Ela não perde a oportunidade para se queixar da nova lei.
Someya diz que sente-se profundamente consternada ao ter que abandonar o uso do véu por ser este a prova da sua fé islâmica. Disse tê-lo adoptado há seis meses como uma opção pessoal e nunca como uma imposição do seu marido ou quem quer que seja.
Uma outra jovem, a Yamina de 24 anos, e estudante universitária usa o hijab – um vestido completo mas sem cobrir a face.
“E uso o hijab e não o niqab porque não tive a oportunidade… porque as leis estão contra nós os muçulmanos.”
Mas Sarah Morvan de 18 anos e convertida ao islão disse que vai continuar a usar o véu mesmo que a lei o proíbe.
Para Morvan, vestir o niqab protege-a de olhares de homens e de estranhos. Com a proibição diz que se sentirá excluída da sociedade.
E é exactamente contra isto que os apoiantes do movimento contra a proibição do uso de véu estão a lutar.
O governo francês estima que existem apenas cerca de 2000 mulheres usando o véu, e defende que a proibição é necessária se os cerca de 6 milhões de muçulmanos, na sua maioria imigrantes, tiverem que ser integrados.
A lei de proibição foi sempre defendida pelo presidente francês Nicolas Sarkozy, que disse ser fundamental para assegurar o respeito pelos direitos da mulher e os limites da separação entre a igreja e o Estado.
Num discurso idêntico em 2009, o presidente Sarkozy disse não haver lugar para a burqa ou véu islâmico em França. O presidente francês sublinhou que não será permitida a subjugação da mulher seja em que circunstância for.
Mas muitos dos muçulmanos incluindo os que não usam ou aprovam o uso do véu, consideram que estão a ser injustamente atacados pela política discriminatória do partido do presidente - o UMP - que está a cortejar os eleitores anti-imigração antes das eleições presidenciais do próximo ano.