“O turismo é uma acção cultural de muita eficácia, talvez seja a mais desenvolvida na troca de relação direta” explica o antropólogo Milton Guran
Turistas do mundo inteiro vão poder conhecer a rota de escravos no Brasil. Está em fase final no país um levantamento, apoiado pela UNESCO, dos lugares brasileiros que guardam a memória da época da escravidão de africanos.
O Brasil foi o país das Américas que recebeu o maior número de escravos vindos da África. Foi também o último a libertá-los já no final do século XIX.
40% de todos os negros que saíram da África vieram para o Brasil, entre os séculos XVI e XIX. Estima-se que foram de quatro a seis milhões de pessoas.
“O turismo é uma ação cultural de muita eficácia, talvez seja a mais desenvolvida na troca de relação direta. É um deslocamento pelo mundo com um único objetivo de conhecer o outro,” explica o antropólogo e fotógrafo Milton Guran, que integra o grupo da UNESCO.
De acordo com Milton Guran, ciente dessa potencialidade do turismo, a UNESCO decidiu desenvolver um roteiro voltado para a memória da diáspora africana. “Estão sendo levantados, nos vários países onde ocorreu a diáspora, inventários como o que estamos fazendo aqui no Brasil. Aqui nós estamos finalizando um levantamento dos lugares de memória do tráfico de escravos e dos africanos escravizados no território brasileiro”, explica.
“É preciso deixar claro que essa rota, no caso do Brasil, é só a dos africanos e não dos filhos dos africanos. Não podemos tratar tudo de uma vez. Mas, isso já vai ser o primeiro passo para pensarmos o turismo de memória no país,” afirma Guran.
O especialista lembra a dívida que o Brasil tem com os africanos, justificando a importância da conservação da história deles no país. “Esse país não existiria sem a mão-de-obra africana, não existiria sem a tecnologia africana. Foram os africanos que trouxeram o tipo de agricultura que tínhamos, incluindo os próprios instrumentos agrícolas: enxada, picareta e tudo mais,” lembra.
“O trabalho com o ferro também é herança dos africanos. Eles trouxeram a siderurgia rudimentar. Aos africanos subsaarianos devemos a pecuária extensiva, a criação de gado. Em Portugal, não se encontrava três vacas para dar leite.”
No contexto de resgate da memória dos africanos, Guran destaca que a imposição da língua portuguesa, como língua nacional, também é uma dívida que os brasileiros vão ter para sempre com os povos da África.
“Até à vinda da família real para o Brasil, até há 200 anos, a língua mais falada era a dos Jesuítas. Palmares foi destruído por pessoas que não falavam português. Pegando como exemplo um grande estado, São Paulo, por exemplo, não se falava português”, conta.
“Já os escravos não, como eles eram misturadas e falavam muitas línguas diferentes, eles precisaram de aprender a língua do senhor e a língua do senhor passou a ser a língua franca.”
O Brasil foi o país das Américas que recebeu o maior número de escravos vindos da África. Foi também o último a libertá-los já no final do século XIX.
40% de todos os negros que saíram da África vieram para o Brasil, entre os séculos XVI e XIX. Estima-se que foram de quatro a seis milhões de pessoas.
“O turismo é uma ação cultural de muita eficácia, talvez seja a mais desenvolvida na troca de relação direta. É um deslocamento pelo mundo com um único objetivo de conhecer o outro,” explica o antropólogo e fotógrafo Milton Guran, que integra o grupo da UNESCO.
De acordo com Milton Guran, ciente dessa potencialidade do turismo, a UNESCO decidiu desenvolver um roteiro voltado para a memória da diáspora africana. “Estão sendo levantados, nos vários países onde ocorreu a diáspora, inventários como o que estamos fazendo aqui no Brasil. Aqui nós estamos finalizando um levantamento dos lugares de memória do tráfico de escravos e dos africanos escravizados no território brasileiro”, explica.
“É preciso deixar claro que essa rota, no caso do Brasil, é só a dos africanos e não dos filhos dos africanos. Não podemos tratar tudo de uma vez. Mas, isso já vai ser o primeiro passo para pensarmos o turismo de memória no país,” afirma Guran.
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O especialista lembra a dívida que o Brasil tem com os africanos, justificando a importância da conservação da história deles no país. “Esse país não existiria sem a mão-de-obra africana, não existiria sem a tecnologia africana. Foram os africanos que trouxeram o tipo de agricultura que tínhamos, incluindo os próprios instrumentos agrícolas: enxada, picareta e tudo mais,” lembra.
“O trabalho com o ferro também é herança dos africanos. Eles trouxeram a siderurgia rudimentar. Aos africanos subsaarianos devemos a pecuária extensiva, a criação de gado. Em Portugal, não se encontrava três vacas para dar leite.”
No contexto de resgate da memória dos africanos, Guran destaca que a imposição da língua portuguesa, como língua nacional, também é uma dívida que os brasileiros vão ter para sempre com os povos da África.
“Até à vinda da família real para o Brasil, até há 200 anos, a língua mais falada era a dos Jesuítas. Palmares foi destruído por pessoas que não falavam português. Pegando como exemplo um grande estado, São Paulo, por exemplo, não se falava português”, conta.
“Já os escravos não, como eles eram misturadas e falavam muitas línguas diferentes, eles precisaram de aprender a língua do senhor e a língua do senhor passou a ser a língua franca.”