Estudante de Direito e Administração acha que qualquer esforço no Brasil é válido
BRASIL —
O estudante Emanuel Dundão é de Angola. Ele não veio para o Brasil por meio do maior programa brasileiro para estudantes estrangeiros, o Programa Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G).
No entanto, não se arriscou a vir por conta própria. Veio estudar em uma universidade privada, do Brasil, dentro de um programa de bolsas de estudo de Angola.
Emanuel conta que chegou a iniciar o curso superior em Angola. "Dos 13 aos 19 anos eu fui seminarista Católico. Eu 2005, decidi abandonar o curso de Filosofia e fazer Direito. Eu fazia Direito na Universidade Católica de Angola e trabalhava como auxiliar administrativo na Casa Militar. Nesse processo decidi me candidatar uma bolsa de estudos no Brasil e, graças a Deus, consegui," lembra.
O estudante explica como conseguiu vir fazer Administração e Direito na Universidade de São Paulo, UNESP. "Em Angola existe a Fundação Eduardo dos Santos, FESA, que concede bolsas de estudos para pessoas que querem fazer alguma formação no exterior. Eu me candidatei, prestei vestibular e fui aprovado para estudar aqui no Brasil," explica o angolano.
A FESA concede dois tipos de bolsas, uma para as universidades públicas, federais ou estaduais, e outra para instituições privadas de ensino no Brasil com as quais a fundação mantém convênios.
Depois da graduação, Emanuel conseguiu outra bolsa de especialização da IDS-Estudantes, uma associação civil sem fins lucrativos que congrega jovens estudantes angolanos Tutelados pelo Dr. Ismael Diogo da Silva, ex-consul de Angola no Brasil. "Associação essa que financia meus estudos aqui, paga a minha moradia. E eu presto serviços a essa associação. Atualmente, eu coordeno um grupo de 50 estudantes aqui no Brasil."
O estudante, que passa pela experiência no país, arrisca a dizer quanto seria o mínimo para o estudante se estabelecer no Brasil. "Há organizações que pagam a casa, a alimentação e os estudos e pagam uma bolsa mensal de 500,00. Eu entendo que se eles pagam isso e dão 500 reais é suficiente, mas esse valor é fundamental."
O estudante angolano comenta que sempre achou ser imprescindível uma formação fora do seu país de origem. "Eu costumo dizer que, ás vezes, precisamos sair do nosso “ovo” para entender melhor o mundo. Eu pensava assim: quando eu tiver que fazer direito eu gostaria de fazer no Brasil ou em Portugal para ter uma visão diferente de mundo e quando voltar para Angola, ter condição de perceber melhor o direito angolano."
Agora, já formado em Direito e Administração, Emanuel tem a garantia de que estava certo quando decidiu deixar seu país para estudar no Brasil. "Realmente, eu acho que foi a melhor opção, até melhor do que ter ido para Portugal, porque eu acho que o Direito brasileiro é muito moderno e existem muitas publicações aqui, isso ajuda muito o estudante. A maioria das instituições se preocupa muito com bibliotecas, com o nível de professores para o curso de Direito, são mestres, doutores e só alguns especialistas para o curso de direito."
O estudante conta que encontrou alguns problemas, mas nada que o fizesse se arrepender de ter vindo para o Brasil. Emanuel admite que o racismo, por exemplo, está entre esses problemas que o estudante estrangeiro, de país africano, enfrenta.
"Eu posso dizer que já senti, mas não de forma direta. Esse preconceito no Brasil é, de alguma forma, camuflado. Eu já me deparei na rua com algumas pessoas assustadas pensado ser um bandido porque eu era negro. Você entra na loja ou restaurante e não é atendido, por ser negro mesmo," desabafa.
No caso do estrangeiro é diferente, na opinião de Dundão. “O povo brasileiro é bem acolhedor. Basta perceber que o sotaque não é local para ele se abrir mais e ser mais receptivo," completa Dundão.
O angolano admite que vir para o Brasil pode ser mais complicado do que foi para ele, em muitos casos, principalmente quando o estudante vem fora de um programa de bolsas. "Quando estudante vem por conta própria é muito difícil. Eu conheço alguns que passam falta do básico, livros e até material de higiene, mas eles continuam na batalha e não perdem o foco."
Mas, Emanuel não desanima aqueles que não conseguem uma bolsa de lutar pelo sonho, mesmo sabendo que será sacrificante. Para ele, o esforço é válido. "Se, por ventura, não tiveres bolsa e seus pais não têm condições e, mesmo assim, você quer vir e lutar pelo o que deseja, não desanime. Sacrifique por apenas cinco anos e terás o retorno."
Já para quem tem bolsa, a dica é não pensar duas vezes. "Se tiver uma bolsa de estudo, não vacile, venha e aproveite a oportunidade de conhecer um país diferente e um estudo diferente. O estudo no Brasil, de forma geral, é muito bom, e poderemos ajudar nossos países quando retornarmos," conclui.
Links úteis citados
Programa Estudantes-Convênio de Graduação - PEC-G
http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=530%26id=12276%26option=com_content%26view=article
Fundação Eduardo Santos - FESA
http://www.fesa.og.ao
Universidade de São Paulo - UNESP
http://www.unesp.br/
Ministério da Educação de Angola
http://www.med.gov.ao/
Instituto Nacional de Bolsas de Estudo de Angola – INABE http://www.inabe.gov.ao/
No entanto, não se arriscou a vir por conta própria. Veio estudar em uma universidade privada, do Brasil, dentro de um programa de bolsas de estudo de Angola.
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Emanuel conta que chegou a iniciar o curso superior em Angola. "Dos 13 aos 19 anos eu fui seminarista Católico. Eu 2005, decidi abandonar o curso de Filosofia e fazer Direito. Eu fazia Direito na Universidade Católica de Angola e trabalhava como auxiliar administrativo na Casa Militar. Nesse processo decidi me candidatar uma bolsa de estudos no Brasil e, graças a Deus, consegui," lembra.
O estudante explica como conseguiu vir fazer Administração e Direito na Universidade de São Paulo, UNESP. "Em Angola existe a Fundação Eduardo dos Santos, FESA, que concede bolsas de estudos para pessoas que querem fazer alguma formação no exterior. Eu me candidatei, prestei vestibular e fui aprovado para estudar aqui no Brasil," explica o angolano.
A FESA concede dois tipos de bolsas, uma para as universidades públicas, federais ou estaduais, e outra para instituições privadas de ensino no Brasil com as quais a fundação mantém convênios.
Depois da graduação, Emanuel conseguiu outra bolsa de especialização da IDS-Estudantes, uma associação civil sem fins lucrativos que congrega jovens estudantes angolanos Tutelados pelo Dr. Ismael Diogo da Silva, ex-consul de Angola no Brasil. "Associação essa que financia meus estudos aqui, paga a minha moradia. E eu presto serviços a essa associação. Atualmente, eu coordeno um grupo de 50 estudantes aqui no Brasil."
O estudante, que passa pela experiência no país, arrisca a dizer quanto seria o mínimo para o estudante se estabelecer no Brasil. "Há organizações que pagam a casa, a alimentação e os estudos e pagam uma bolsa mensal de 500,00. Eu entendo que se eles pagam isso e dão 500 reais é suficiente, mas esse valor é fundamental."
O estudante angolano comenta que sempre achou ser imprescindível uma formação fora do seu país de origem. "Eu costumo dizer que, ás vezes, precisamos sair do nosso “ovo” para entender melhor o mundo. Eu pensava assim: quando eu tiver que fazer direito eu gostaria de fazer no Brasil ou em Portugal para ter uma visão diferente de mundo e quando voltar para Angola, ter condição de perceber melhor o direito angolano."
Agora, já formado em Direito e Administração, Emanuel tem a garantia de que estava certo quando decidiu deixar seu país para estudar no Brasil. "Realmente, eu acho que foi a melhor opção, até melhor do que ter ido para Portugal, porque eu acho que o Direito brasileiro é muito moderno e existem muitas publicações aqui, isso ajuda muito o estudante. A maioria das instituições se preocupa muito com bibliotecas, com o nível de professores para o curso de Direito, são mestres, doutores e só alguns especialistas para o curso de direito."
O estudante conta que encontrou alguns problemas, mas nada que o fizesse se arrepender de ter vindo para o Brasil. Emanuel admite que o racismo, por exemplo, está entre esses problemas que o estudante estrangeiro, de país africano, enfrenta.
"Eu posso dizer que já senti, mas não de forma direta. Esse preconceito no Brasil é, de alguma forma, camuflado. Eu já me deparei na rua com algumas pessoas assustadas pensado ser um bandido porque eu era negro. Você entra na loja ou restaurante e não é atendido, por ser negro mesmo," desabafa.
No caso do estrangeiro é diferente, na opinião de Dundão. “O povo brasileiro é bem acolhedor. Basta perceber que o sotaque não é local para ele se abrir mais e ser mais receptivo," completa Dundão.
O angolano admite que vir para o Brasil pode ser mais complicado do que foi para ele, em muitos casos, principalmente quando o estudante vem fora de um programa de bolsas. "Quando estudante vem por conta própria é muito difícil. Eu conheço alguns que passam falta do básico, livros e até material de higiene, mas eles continuam na batalha e não perdem o foco."
Mas, Emanuel não desanima aqueles que não conseguem uma bolsa de lutar pelo sonho, mesmo sabendo que será sacrificante. Para ele, o esforço é válido. "Se, por ventura, não tiveres bolsa e seus pais não têm condições e, mesmo assim, você quer vir e lutar pelo o que deseja, não desanime. Sacrifique por apenas cinco anos e terás o retorno."
Já para quem tem bolsa, a dica é não pensar duas vezes. "Se tiver uma bolsa de estudo, não vacile, venha e aproveite a oportunidade de conhecer um país diferente e um estudo diferente. O estudo no Brasil, de forma geral, é muito bom, e poderemos ajudar nossos países quando retornarmos," conclui.
Links úteis citados
Programa Estudantes-Convênio de Graduação - PEC-G
http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=530%26id=12276%26option=com_content%26view=article
Fundação Eduardo Santos - FESA
http://www.fesa.og.ao
Universidade de São Paulo - UNESP
http://www.unesp.br/
Ministério da Educação de Angola
http://www.med.gov.ao/
Instituto Nacional de Bolsas de Estudo de Angola – INABE http://www.inabe.gov.ao/