Preso em 2008
Prossegue, em Nova Iorque, o julgamento de Viktor Bout, antigo oficial da Força Aérea Soviética e, alegadamente, traficante internacional de armamento. Bout é acusado de conspirar para vender milhares de armas,incluindo mísseis terra-ar,que seriam usados para matar pilotos americanos que operam na Colômbia,entre outros.
Bout foi preso na Tailândia,em 2008, depois de ter mantido um encontro secreto com agentes americanos que se apresentaram como rebeldes colombianos da FARC, um grupo que os EUA têm incluído na sua lista de organizações terroristas.Viktor Bout declarou-se não culpado.
Douglas Farah escreveu uma biografia sobre Bout intitulada “O Mercador da Morte” e retrata aquele traficante como um dos mais prolíficos traficantes de armas de sempre. Farah diz que, Viktor Bout começou a sua carreira quando a União Soviética entrou em colapso, em 1991, e Bout, então ex-oficial da Força Aérea teve acesso a aviões de carga sem utilização e a armas excedentárias.
Disse Douglas, referindo-se ao réu:“Ele movimentou, literalmente, milhões e milhões de cunhetes de munições, ele movimentou milhares de AK-47. Antes da era Viktor Bout, em África quem quizesse comprar 50 ou cem AK-47 havia muita gente que o poderia fazer. Mas,muito pouco tinham capacidade para fornecer sistemas anti-tanque, sistemas anti-aéreos, helicópteros de ataque e colocar tudo num avião e entregar esse material numa questão de semanas”.
Farah diz ainda que,em resultado dessa sua capacidade, as guerras no Ruanda, no Congo e na Serra Leoa tornaram-se mais mortíferas.
Kathi Austin,uma perita em tráfico de armas - que já trabalhou para a ONU - tem acompanhado o julgamento de Bout desde o primeiro dia. Diz ela que Bout começou alguns conflitos, oferecendo armas sofisticadas a senhores da guerra,em troca de diamantes e de outros recursos naturais.
Austin afirma que o julgamento promete revelar a amplitude e em detalhe as operações em que Bout esteve envolvido,em parte com base em muitas horas de gravações telefónicas e em reuniões com os seus colaboradores mais directos.
Carlos Sagastume, o primeiro informador confidencial dos EUA a depôr, disse, durante o julgamento, que – conforme as gravações ouvidas pelo tribunal – Bout aconselhou a FARC, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia a comprar um banco para lavar o dinheiro da droga e para fazer os pagamentos das armas.
Uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, datada de 2004, pedia aos países membros para que recusassem entrada a Viktor Bout e para que congelassem todos os seus bens. O seu advogado nde defesa disse em tribunal que seis mil milhões de dólares em bens de Bout foram subsequentemente congelados.
O seu julgamento prossegue, devendo ser ouvidas testemunhas de acusação e de defesa do réu.