Enquanto as delegações do Governo moçambicano e da Renamo retomavam na segunda-feira, 12, as negociações de paz em Maputo, várias acções hostis continuavam a ensombrar o fim da crise politico-militar, no centro de Moçambique, até agora a região mais atingida pelo conflito.
Os mediadores reuniram em separado com as delegações, após uma paralisação do processo que procura acabar com todas formas de hostilidades militares no centro e norte de Moçambique.
Na segunda-feira um homem com ligações a Frelimo, partido no poder, foi executado por homens armados da Renamo, maior partido da oposição, em Dacata, distrito de Mossurize, no sul da provincia de Manica.
A Polícia ainda não se pronunciou sobre o caso.
Nesta terça-feira, 13, homens armados da Renamo atacaram a coluna de viaturas de escolta obrigátoria do exército - no troço entre Vanduzi (Manica) e Changara (Tete) – na zona de Chiuala, sem danos humanos.
As forças governamentais detiveram um dos atacantes.
“Na mesma zona de Chiuala atacaram mais hoje. A coluna parou, e a FIR (Força de Intervenção Rápida) perseguiu os atacantes e pegou um deles”, disse à VOA Lazaro Rogério, um passageiro que seguia num autocarro integrado na coluna.
Na madrugada de sábado, 10, homens armados da Renamo invadiram, após terem avisado o assalto em carta dirigida as autoridades locais e população, a sede do posto de Sabeta, distrito de Tambara (Manica).
Arrombaram o hospital local, de onde retiraram material cirurgico e medicamentos, além de vandalizar a infraestrutura, incluindo a maternidade, informaram as autoridades policiais.
Elsidia Filipe, porta-voz da Polícia de Manica, disse esta terça-feira, 13, que o grupo invadiu cerca das 4:00 horas de madrugada a casa do chefe do posto, mas foi retraido pelas forças governamentais, que recuperaram armas de fabrico caseiro e roupa numa palhota do grupo.
No mesmo sábado, quase uma hora antes, as forças de defesa e segurança tomaram de assalto e ocuparam uma base da Renamo em Morrumbala, na província da Zambézia, no centro dom país, segundo fonte oficial.
A Polícia da Zambézia disse ainda que vários homens da Renamo morreram em resultado da operação, que culminou com a detenção de um comandante do braço armado do partido, que supostamente dirigia as suas acções na região.
A instabilidade militar tem marcado nos últimos meses a região centro de Moçambique, com relatos de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, além de denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
A Renamo recusa-se a aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ganhas oficialmente pela Frelimo, e exige governar em seis províncias onde reivindica vitória.
O grupo de mediadores que deveria deslocar-se a Gorongosa para discutir com Afonso Dhlakama sobre a exigência da governação e o cessar-fogo, retomou a mediação com as partes a 12 de Setembro, até então sem resultados.