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Execução de políticos afugenta população em Moçambique


Nhampoca, em Tica (Sofala), no centro do país, deserta.

A zona de Nhampoca, em Tica (Sofala), no centro de Moçambique, está deserta depois da fuga massiva da população para zonas seguras, quase quatro dias após a execução de dois líderes num comício popular por homens armados da Renamo, na sexta-feira, 2.

A população receia novos confrontos entre o braço armado da Renamo e as forças estatais.

“A zona está a ficar pesada para alguém continuar a viver sozinho. As pessoas estão a abandonar, por isso eu também estou a sair. Estamos com medo talvez a Frelimo entre de novo para ir confrontar a Renamo porque os homens armados estão lá (em Nhampoca)”, disse Monica Mauese, carregando trouxas na cabeça quando deixava o local.

Outro morador, que se identificou à VOA apenas por John, disse haver um medo generalizado nas pessoas, o que forçou o abandono massivo da população, que teme por retaliações que podem atingir pessoas inocentes.

“Eu estava de viagem, quando voltei ouvi essa situação, que esses nossos (forças governamentais) entraram lá em Nhampoca, fizeram cheios de manobras, e depois saíram, e estavam a imputar a destruição a Renamo, por isso eles mataram aqueles lideres” contou o jovem, que com a sua bicicleta faz serviços de táxi para carregar numerosas trouxas da população que deixa a zona.

Na sexta-feira, 2, o régulo de Nhampoca e o chefe do posto administrativo de Tica (Nhamatanda, Sofala), Abilio Jorge, foram executados por supostos homens armados da Renamo, depois de serem retirados de um comício que faziam naquela zona.

Dias antes, segundo populares, as forças governamentais teriam destruído casas e mercados na zona de Nhampoca, tendo a acção sido depois atribuída à Renamo, após relatos da movimentação de homens do braço armado do partido da oposição.

Os dois lideres executados foram enviados pelas autoridades governamentais do distrito de Nhamatanda para irem “apelar à calma” à população que já abandonava a zona, tendo reunido em comício popular, quando foram raptados.

Um dos homens armados, que executou os dois líderes locais, estava no meio dos populares no comício e trazia consigo uma arma de fogo do tipo AKM escondida num saco.

Quase no fim do encontro popular, outros quatro homens armados a civil invadiram o local do comício provenientes duma mata próxima, quando o quinto surgiu do meio da multidão e ordenou a paralisação da reunião e o consequente rapto dos dois lideres, que foram executados a tiro, agudizando a vaga de abandono da zona.

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