Arão Tempo diz que ante repressão em Cabinda "não há quem possa nos acudir"

Arão Tempo, advogado e activista dos direitos humanos, Cabinda

Advogado e activista diz que militares entraram nas matas para bater e torturar cidadãos que estavam a trabalhar e pede à comunidade internacional que preserve a dignidade dos cabindas.

O advogado e activista dos direietos humanos em Cabinda Arão Tempo pede à comunidade internacional que olhe para aquela província angolana, onde, segundo ele, apenas impera a repressão.

"É só dizer ser de Cabinda ou protestar que vai preso", afirma Tempo em conversa com a Voz da América nesta quinta-feira, 20, quando contactado sobre as sete pessoas ainda detidas de um total de 42 que foram presas a 25 de Março quando participavam numa reunião a convite da Conacce Chaplains, uma instituiçao sem fins lucrativos que se dedica à capelania e desenvolvimento social e religioso, reconhecida pela Comissão dos Direitos Humanos da ONU.

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Arão Tempo diz que ante repressão em Cabinda "não há quem possa nos acudir"

"É uma prisão totalmente ilegal", sublinha aquele conhecido advogado quem denuncia uma ofensiva do exército hoje contra jovens que estavam no campo a trabalhar na agricultura.

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"Na comuna de Tando Zinze, os militares entraram nas matas, onde há cultivo da população, e sem qualquer motivo começaram a deter os cidadãos que estão lá para fazer as suas lavras e alguns foram maltratados, torturados, sem qualquer motivo", revela Arão Tempo que pergunta se os cabindas "são geridos por uma Constituição diferente, que não é de Angola", ante tantas violações de direitos humanos.

Ele afirma que estão a "ocorrer detenções ilegais" e que "não há quem possa nos acudir".

Tempo pede à "comunidade internacional que pelo menos preserve a dignidade dos cabindas porque basta dar uma opinião que se é preso".

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Aquele activista também faz um apelo à comunidade internacional para que "receba os jovens que vão ao exterior, que tenha outra sensibilidade" porque estão a deixar Cabinda" à procura de um futuro já que "98 por cento da população de Cabinda não tem emprego", principalmente os jovens.

Para piorar a situação, segundo Arão Tempo, os jovens, além de não terem emprego "quando vão para as matas trabalhar ainda são maltratados sem qualquer motivo".

A Voz da América contactou o Governo provincial pelo número de telefone que aparece no site e na página oficial no Facebook, mas algumas vezes ninguém atendou e noutras uma mensagem dizia que o número não existe.