Costa do Marfim: facções políticas dividem o país

Costa do Marfim: facções políticas dividem o país

Gbagbo e Ouatara nomeiam cada um o seu governo

Washington, 06 Dez - Continuam as manifestações nas ruas da capital comercial da Costa do Marfim, Abidjan, enquanto o ex-Presidente sul-africano, Thabo Mexi está envolvido nas tentativas para uma solução legitima e aceitável pelos dois presidentes rivais.

Apoiantes de Alassane Ouatara queimaram pneus na zona de Yopougon, da capital da Costa do Marfim, Abidjan, gritando que estão cansados de Laurent Gbagbo.

Tanto Ouatara como Gbagbo, ambos afirmam serem presidentes da Costa do Marfim. Ouatara apoia a sua reivindicação nos resultados da comissão eleitoral que mostram a sua vitória com 54 por cento dos votos.Por sua vez,Gbagbo declarou a vitória apôs o conselho constitucional ter anulado cerca de 10 por cento dos votos nas urnas, dando-lhe uma margem de 51 por cento dos votos restantes, e a vitória.

Ambos os candidatos tomaram posse da presidência do país, tendo nomeado os seus respectivos gabinetes. Gbagbo é apoiado pelos oficiais superiores que controlam as regiões do sul, enquanto que Ouatara conta sobretudo com os rebeldes que ainda dominam as zonas do norte.

Entretanto, o ex-Presidente sul-africano Thabo Mbeki reuniu-se no domingo com ambos os contendores na esperança de resolver a disputa. Mbeki continua ainda hoje, segunda-feira, na Costa do Marfim, na mediação entre os dois grupos, na sua qualidade de emissário da União Africana, na busca de uma solução legítima por meios pacíficos.

Ouatara reivindica a presidência, gozando do apoio da União Africana, das Nações Unidas e da Comunidade Económica dos Estados da Africa Ocidental, da França, da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos da América.

Por outro lado, o Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, afirmou que a crise ameaça a estabilidade da Africa Ocidental. Barroso disse à conferência de desenvolvimento, que a situação na Costa do Marfim é, infelizmente, a que já se tem repetido muitas vezes, tratando-se, nas suas palavras, de eleições democráticas cujos resultados são rejeitados pelos vencidos, pondo em risco a estabilidade e a paz na região e nos países envolvidos.

Gbagbo disse que o apoio estrangeiro a Ouatara constitui uma ameaça à soberania da Costa do Marfim.

"Trata-se de um caso grave de interferência nos assuntos internos da Costa do Marfim e que esperamosd que as partes envolvidas se retirem e que os costa-marfinenses não pediram a nenhum deles que viessem administrar o seu país."

Gbagbo nomeou o economista Gilbert Marie N´gbo Ake para seu Primeiro Ministro, enquanto Ouatara designou Guillaume Soro, Primeiro Ministro interino do governo de Gbagbo, para os postos de chefe de governo e ministro de defesa.