Através do mundo mais de dois milhões de mulheres são afectadas por fístulas obstétricas. Mas é uma lesão de que pouco se fala porque as vítimas são geralmente mulheres pobres dos países em desenvolvimento.
Moçambique é também, um pais onde mulheres são afectadas mas conta com um édico reconhecido como uma autoridade internacional no tratamento.
Esta semana no Maputo realizou-se o décimo primeiro encontro do Grupo de Trabalho Internacional sobre Fístulas Obstétricas.
É uma lesão que resulta de um trabalho de parto complicado, demorado e sem assistência médica adequada.
Durante o trabalho de parto, que chega a durar dias, a cabeça do bebé comprime e destrói os tecidos ao redor. Os tecidos morrem e fica um orifício entre a bexiga e a vagina, ou entre o recto e a vagina.
A mulher fica incontinente, isto é, perde a urina e fezes, de forma descontrolada.
A maior parte das mulheres com fístula é pobre e vive no campo. Casa-se e engravida prematuramente.
Tem pouca educação e desconhece os métodos anticonceptivos.
E, por causa do mau cheiro que exala, fica envergonhada, perde a auto-estima e já não consegue levar uma vida normal, passando a ser rejeitada por todos: família, amigos, marido.
O especialista moçambicano, Igor Vaz é Director de Urologia no Hospital Central de Maputo.
É médico cirurgião e é dos poucos que, em Moçambique, faz operações para tratar mulheres com fístulas obstétricas.
Vaz é, aliás, o único capaz de reconstruir uma vagina em doentes com fístulas obstétricas, sendo considerado pioneiro, nessa prática, a nível mundial, e tendo já feito mais de vinte casos, com sucesso.
Em Moçambique, não há dados fiáveis referentes a mulheres com fístulas obstétricas, mas as autoridades sanitárias dizem e reconhecem que o número é elevado.
Segundo estimativas, entre duas a três mulheres, em cada cem mil partos, desenvolvem a fístula obstétrica, em Moçambique.
E este é um problema que aflige não apenas Moçambique.
Totalmente eliminada nos países ricos, há mais de um século, a fístula obstétrica continua a atingir pelo menos dois milhões de mulheres pobres, nos países em desenvolvimento.
Como refere o Fundo das Nações Unidas para a População, FNUAP, a nível global, são registados, todos os anos, setenta e três mil novos casos de mulheres com fístulas obstétricas.
O FNUAP já fez saber que está disposto a apoiar Moçambique na elaboração de uma Estratégia para a prevenção e tratamento das fístulas à escala nacional.
Ouça a rpeortagem do francisco Júnior com entrevistas ao Dr Igor Vaz e à representante do FNUAP em Moçambique, Patricia Guzman
Moçambique tem especialista reconhecido internacionalmente