A Human Rights Watch apelou a governo da Costa do Marfim para cumprir as promessas de julgamento de imparcial dos perpetradores de crimes de Guerra durante a crise pós-eleitoral.
A correspondente da VOA em Dakar, Anne Look evoca na sua reportagem que 13 figuras políticas e chefes militares de ambos lados são acusados de participação nos crimes por um relatório da organização dos direitos humanos.
A crise pós-eleitoral na Costa do Marfim fez aproximadamente 3 mil mortos e mais de 500 mil deslocados durante o braço de ferro entre o actual presidente Alassane Ouattara e o seu predecessor Laurent Gbagbo que resistia em abandonar o poder.
No relatório publicado hoje pela Human Rights Watch, a organização dos direitos humanos indica haver provas de crimes de guerra e abusos dos direitos humanos cometidos pelas forças leais aos dois presidentes durante a crise.
A Humana Rights Watch aponta 13 líderes políticos e militares implicados em crimes incluindo o antigo presidente Laurent Gbagbo, o seu antigo ministro da juventude Charles Blé Goudé que liderou a temível milícia conhecida como Jovens Patriotas, além de 4 outros líderes pertencentes ao campo de Ouattara.
Com a subida de Alassane Ouattara ao poder 118 aliados de Gbagbo foram detidos e estão a espera da justiça, isso enquanto nenhum elemento próximo ao actual presidente foi indiciado.
Matt Wells é pesquisador da Human Rights Watch na Costa do Marfim.
“O que agora parece ser bom para esta justiça inquinada, representa uma ameaça à reconciliação que o país procura à todo o custo. É através de uma justiça imparcial que o país possa sair deste recente estado de violência com vista ao restabelecimento do primado da lei.”
O ministro da justiça da Costa do Marfim não respondeu as chamadas telefónicas da Voz da América que tinham como propósito recolher o seu comentário sobre o conteúdo do relatório da Human Rights Watch.
A organização humanitária indica entretanto que no passado mês de Dezembro, as forças armadas e milícias leais ao então presidente Laurent Gbagbo raptaram e mataram líderes políticos membros da coligação pro-Ouattara, assim como violaram mulheres supostamente apoiantes do actual presidente. A Human Rights Watch adianta que a milícia pro-Gbagbo prendeu centenas de supostos apoiantes de Ouattara num posto de controlo e espancou-os até a morte com pedradas, assim como incendiou pessoas vivas u simplesmente os executou a bala.
Entretanto no avanço das Forças Republicanas pro-Ouattara para a cidade de Abidjan a Human Rights Watch diz que elas também mataram civis e membros étnicos pro-Gbagbo, violaram mulheres e incendiaram aldeias e levaram a cabo massacres de centenas de civis na cidade de Duekoué a Este do país.
O presidente Ouattara pediu há dias ao Tribunal Penal Internacional para iniciar investigações da violência pós-eleitoral. A Human Rights Watch indica que o TPI recebeu a autorização apenas esta semana, e diz acreditar que esse órgão das Nações Unidas tem em frente um papel crucial para levar a barra do tribunal os lideres políticos e militares acusados de crime de guerra.
Mas a Human Rights Watch alerta que essa missão não deve limitar-se apenas a esse nível de crimes, ou seja o TPI devia ocupar-se igualmente de alguns casos de violência descrita como de carácter doméstico.