A crise que atinge a Europa e os Estados Unidos, parceiros comerciais do Brasil, impulsiona ainda mais os negócios brasileiros no continente africano. Tem sido registado um incremento no número de encontros em várias regiões brasileiras de empresários com delegações de países africanos. Na quarta-feira, um grupo de empresários da Nigéria esteve na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, FIEMG, na capital Belo Horizonte.
Para o vice-presidente da FIEMG, Romeu Scarioli, neste momento de busca de redução dos efeitos da crise, a África representa uma excelente oportunidade de investimento para empresários de vários padrões. “Importante se entender que para operarmos na África não precisamos só de empresas gigantes no seu setor. Empresas de médio porte e até de pequeno porte têm oportunidades de se inserirem no mercado externo e terem atuação mais presente no mercado de forte crescimento como é a África, ” afirma Scarioli.
O representante da Federação das Indústrias de Minas Gerais lembra que não é só o Brasil que tem observado a África com alternativa para investimentos, sobretudo, no atual momento da economia mundial. “Neste momento, há um enorme fluxo de investimentos países asiáticos e europeus na África movidos, principalmente, pela busca de recursos minerais estimulados pela elevação de preços das matérias-primas,” afirma.
Segundo Scarioli, no entanto, o Brasil conta com vantagens em relação aos “rivais” que devem ser exploradas. “Efetivamente nós temos com a África uma interação, um traço cultural que nos liga de uma forma muito interessante. Além de termos uma identidade em termos geográficos e de clima e eu diria até que de ocorrência em termos de recursos naturais,” explica. “E também há uma enorme facilidade de entender a realidade atual pela qual passa a África porque nós passamos por isso há algumas décadas. Éramos dotados de uma enorme exuberância de recursos naturais, mas com enormes carências de educação, infra-estrutura, de atendimento a saúde e de afirmação de estruturas democráticas,” concluiu.
Romeu Scarioli lembra algumas áreas propícias para negócios a serem exploradas por brasileiros em países africanos como a Nigéria, que enviou uma delegação ao estado de Minas Gerais. “Particularmente, na área da construção, na área de processamento de alimento e na área de energia. A Nigéria, por exemplo, tem uma enorme carência de geração e transmissão de energia. Hoje, eles têm praticamente o atendimento de energia elétrica de origem de grupos gerados que é uma importante solução, mas cara.”
O representante de empresários lembra, ainda, outros setores que oferecem oportunidades em países africanos. “Na área de treinamento, formação e desenvolvimento de pessoal. Há oportunidades também na área de exploração de recursos naturais que possam ir além do Petróleo. E dessas áreas decorrem outras. Eles têm muita dificuldade na área de agro-indústria, na área de derivados do leite, de processamento de leite. Atividades oriundas de quem tem muito recursos e pouco processamento desses recursos,” finalizou.
Entre as parcerias para reduzir os efeitos da crise está em andamento um acordo, entre empresários do estado do Ceará com Angola, que poderá resultar na criação de um centro de distribuição de produtos brasileiros no território angolano. A informação foi dada pela Câmara comercial entre o país africano e o Brasil no Ceará, durante o Encontro de Negócios na Língua Portuguesa, que acontece em Fortaleza. O centro deverá receber artigos originados no Brasil para repasse aos países africanos vizinhos a Angola. Segundo o presidente da câmara comercial, Roberto Marinho, a ideia vem com a promessa de geração de emprego, renda e conhecimento.
A África é, cada vez mais, uma alternativa para empresários brasileiros.