Strauss-Khan aguarda julgamento em liberdade

Dominique Strauss-Kahn (Esq) e esposa Anne Sinclair

Posta em causa a credibilidade da mulher que o acusou

Dominique Strauss-Kahn, antigo director-geral do Fundo Monetário Internacional acusado de ter violado uma funcionária da limpeza de um hotel nova-iorquino, foi libertado sem pagamento de caução. A libertação está relacionada com o facto de ter sido posta em causa a credibilidade da mulher que o acusou.

O antigo director do FMI sai em liberdade e são também devolvidos os 6 milhões de dólares que pagou de caução quando ficou em prisão domiciliária.

A reviravolta no caso deveu-se à alegada falta de credibilidade da mulher que apresentou queixa por abusos sexuais, a qual é reconhecida pelo própria acusação.

Numa carta enviada aos advogados de Strauss-Kahn, o procurador diz que a empregada do hotel onde o ex-director do FMI esteve hospedado admitiu perante o júri que mentiu sobre o que aconteceu naquele dia.

Inicialmente a queixosa disse que informou um supervisor pouco após a alegada violação, para depois admitir que o testemunho fora falso.

A audiência foi breve, durou cerca de 10 minutos. Strauss-Khan saiu do tribunal sorridente, abraçado à sua mulher, Anne Sinclair. A acusação adiantou que a investigação irá continuar, o antigo director do FMI não poderá deixar Nova Iorque e a próxima audiência deverá realizar-se a 18 de Julho.

A decisão de libertar Strauss-Kahn foi tomada horas depois de se saber que o caso contra Strauss-Kahn poderia cair por terra após terem sido detectadas falhas graves na credibilidade da acusadora, conforme um artigo do New York Times.

No centro desta reviravolta no caso estaria, segundo o mesmo jornal, a falta de confiança que a acusação começava a ter na acusadora e sobre aquilo que ela alega ter-lhe acontecido no quarto do Sofitel, entre Strauss-Kahn e a alegada vítima.

De acordo com fontes não identificadas pelo jornal, a mulher que acusa Dominique Strauss-Kahn terá mentido várias vezes à polícia, nomeadamente sobre o seu pedido de asilo aos Estados Unidos. A mulher disse aos investigadores que alegou violação e mutilação genital aquando do seu pedido de asilo, mas os agentes foram verificar os documentos oficiais e as informações não constam do processo.

Nas últimas semanas, os advogados de Strauss-Khan tinham feito saber que a sua estratégia seria a de verificarem a credibilidade da mulher.

O advogado da mulher, Kenneth Thompson, declarou, contrariando a posição da própria acusação durante a audiência, que a empregada do hotel não mudou uma palavra quanto à sua versão dos factos e que apresentou provas materiais da agresssão sexual.