Activistas angolanos alvo de ataques e ameaças

Praça da Independência, em Luanda, no dia 25 de Maio de 2011, após a polícia dispersar uma manifestação. Agora os organziadores estao a ser alvo de actos de intimidação e ameaças

"Brigadeiro mata Frakuz" agredido e casa dos pais assediada. Casa de David Mendes também alvo de "manifestantes". Polícia chamada a intervir não efectua prisões.

Em Luanda grupos de desconhecidos manifestaram-se em frente às casas de duas conhecidas figuras da sociedade sociedade civil.

A mais recente delas decorreu este fim de semana de fronte à residência do Advogado David Mendes e um facto curioso foi a disponibilidade dos meios públicos de comunicação, para acompanhar os actos. A polícia ainda não esclareceu o que se passou com essas duas manifestações.

Contou à VOA uma testemunha, que um grupo de 30 pessoas aproximadamente, na sua maioria jovens, acercou-se da casa do vizinho do advogado, para reclamar de promessas alegadamente feitas em ocasiões anteriores.

Os manfiestantes aparentemten enganaram-se na morada embora tenha ficado claro que o se objectivo era David Mendes. O vizinho acabou por chamar a polícia.

No mesmo bairro, ou seja na Vila Alice, na mesma semana, a casa dos pais do músico Luaty Beirão, também tinha sofrido uma investida idêntica.

Luaty Beirão, cujo nome artístico é Ikonoklasta e fez, antes, fama como Brigadeiro Mata-Frakuxz

Dezenas de jovens gritavam por dinheiro, arrombaram o portão aos gritos de “gatuno, devolve-nos o nosso dinheiro”.

“Quando ouvi essas reivindicações apercebi-me logo que era uma coisa montada,” disse Luaty Beirão (Ikonoklasta, ou Brigadeiro Mata Frakuxz) anteriormente agredido numa rua de Luanda. Contou que a família continua a receber ameaças, de gentes desconhecidas.

Tudo quanto se ficou a saber é que quer no primeiro, como no segundo caso a polícia interveio. Mas disse-nos hoje o comandante da 3ª Esquadra da Divisão do Rangel que não deteve ninguém.

Segundo o oficial a manifestação dispersou, tão logo a polícia chegou, pelo que não foi possível fazer prender ninguém.

O responsável policial não aceitou gravar entrevista, sublinhando que não estava autorizado a fazê-lo, remetendo-nos para o seu superior, o seja o Comandante de Divisão.

Mesmo o porta-Voz da corporação Jorge Bengui que se predispusera fazê-lo no contacto previamente mantido, deixou de atender o telefone.

O Partido Popular de David Mendes reagiu entretanto à “manifestação” em frente á casa de Mendes afirmando tratar-se de uma tentativa óbvia de denegrir os partidos da oposição.

“Quem acaba por ser denegrido é a democracia deste país,” disse um porta-voz. Ouça a reportagem de Faustino Diogo.

No Namibe - onde David Mendes que se deveria ali deslocar para lidar com um caso de violação de direitos humanos - a organização Mãos Livres condenou também os actos contra os activistas. Ouça a reportagem de Armando Chicoca

Em declaração prestada a VOA pelo representante da Associação Mãos Livres na região sul de Angola, Jerry Simão, segunda-feira, no Namibe, proveniente da Huila em complemento da missão do advogado David Mendes, abortada no passado sábado em consequência do atentado a sua residência em Luanda, disse que o governo Angola e o partido no poder devem provar a sua inocência nesta atentado a vida do presidente da associação mãos livres levando os criminosos a justiça.

Advogado Jerry Simão, da Associação Mãos Livres no Lubango

«Condenamos do acto criminoso e as autoridades governamentais devem repor a legalidade levando os criminosos as barras do tribunal», revelou.

A missão dos direitos humanos ao Namibe do activista e Advogado David Mendes ora abortada, visava atender dois casos de violação grave dos direitos humanos, sendo um relacionado com as torturas na comarca do Namibe ao então recluso Alberto Chissuco em 2005 que ficou mutilado da vista esquerda. Intentado um processo contra os agentes daquela unidade prisional da comarca do Namibe desde o ano 2007, o silêncio tomou conta do aludido processo.

Viúva Teresa Filomena Tyaenda, do Namibe

Um outro caso, tem a ver com a viúva Teresa Filomena Tyenda que há mais de cinco anos, o tribunal do Namibe não resolve o processo nº 17/2005, relativamente a residência da viúva vendida pelos parentes do falecido marido Luvualo Pascoal, confinando seis órfãs em situação de menores ao relento segundo o representante da associação mãos livres, havendo igualmente indícios de negociatas estranhas no caso .